domingo, 25 de julho de 2010

Um pião.



O século caminha .Realidade virtual, engenharia genética, mídia acelerada,cientificismo além do que se podia imaginar, o homem descobriu tudo e continua sozinho.É uma incógnita para si mesmo.

Assim é você. Assim sou eu. Será que todo ser humano, em um dado momento, transforma-se em “fingidor”?Qual é a real distância entre o que somos e o que aparentamos ser?

Hoje, em momento de silêncio, eu-comigo, tracei um paralelo entre minha vida profissional/ pessoal e tive uma resposta, no mínimo, instigante: quanto à primeira, acho que estou vivendo uma calmaria existencial, não pelo que faço, mas pelo que já aprendi.Tenho mais segurança, desenvolvi uma visão lúcida do que sei e dos que vivem ao meu redor. Estou longe de chegar ao “ final feliz” , mesmo porque sou cética a respeito dele.Consegui, no entanto,desenvolver uma couraça que me protege e me dá cobertura para trabalhar. Diria que estou “ quase imune”.Quase...

Quanto a vida pessoal continuo o que sempre fui : um pião girando vertiginosamente,loucamente, com medo de parar. Se o fizer, creio que não terei equilíbrio para me manter de pé. Doído e doido.

Como e quando isso irá terminar?

7 comentários:

  1. Gizelda,
    Possivelmente não tem nada a ver com o que diz, mas quando li o post lembrei-me imediatamente deste poema de Miguel Torga (andei a vasculhar uns livros à procura dele):

    De seguro,
    Posso apenas dizer que havia um muro
    E que foi contra ele que arremeti
    A vida inteira.
    Não, nunca o contornei.
    Nunca tentei
    Ultrapassá-lo de qualquer maneira.

    A honra era lutar
    Sem esperança de vencer.
    E lutei ferozmente noite e dia,
    Apesar de saber
    Que quanto mais lutava mais perdia
    E mais funda sentia
    A dor de me perder.

    Como disse atrás, o mais provável é que o poema não tenha nada a ver para o caso. Mas, às vezes, as associações de ideias funcionam como um clique. E foi o que senti.

    Beijo

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  2. Tudo tem a ver, AC...

    Amo Miguel Torga. Há alguns dias acabei de reler " A criação do mundo" , mas ainda continuo encantada com " Bichos" uma pequena ( em número de páginas)obra-prima,através da qual eu o conheci.

    É impressionante que o poeta nada fique a dever ao prosador.Ah! Tem tudo a ver , sim,tem sido contra um muro que tenho lutado ferozmente.Ás vezes acho que vou conseguir e então ...continuo.

    Não conhecia esse poema: belíssimo e muito muito moldável ao momento de quem o lê. Ao meu, por exemplo.

    Obrigada por, mais uma vez, complementar e enriquecer o meu texto.

    Beijo.

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  3. Giselda,
    Tem um desafio à sua espera no meu blogue.

    Beijo

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  4. Acabei de vir do seu blog, AC...e só posso agradecer pelo presente que são suas palavras sobre mim e o Desassossego.

    Estou me sentindo honrada e comovida.Vou aceitar o desafio.

    Beijoooooosss

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  5. Um pião que gosta de girar vertiginosamente? Mas isso é maravilhoso.Quem me dera no tempo dessas velocidades estonteantes. Era nova e tinha pressa de sorver o mundo a cada minuto.Agora o movimento pendular é mais calmo mas o fluir do rio foi rápido.A vida é assim.Deixe-se ser como é sem fingimentos.Mostre-se, desnude-se, revele-se com esse entusiasmo galopante.
    "Assim é você" Assim fui eu.
    Beijinho, Giselda.

    Gosto da sua foto...Voltarei

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  6. Afinal, penso que deveremos ter idades próximas...Parabéns por gostar de girar assim.Quando ando com saúde também giro, giro...

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  7. Que prazer tê-la aqui, Ibel...

    Sim, temos quase a mesma idade e a julgar pelo que li a mesma profissão e alguns desencantos colhidos através dela.

    O pião vertiginoso, o desassossego são interiores, externamente o tempo se incumbiu de aplainar o ritmo. Aí é que está o descompasso.

    Quanto à foto, é mesmo linda, mas é só uma gravura do que eu poderia ter sido se vivesse no Século XIX (rs).

    Volte sempre quiser e puder. Eu também estarei lá no seu cantinho.

    beijo.

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