"Não , não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar ,
É um domingo ás avessas
Do sentimento ,
Um feriado passado no abismo....
Não , cansaço não é...
É eu estar existindo
E tambem o mundo ,
Com tudo aquilo que contém ,
Com tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais .
FP / Álvaro de Campos
...porque , felizmente, FP existiu e a vida me permitiu conhecê-lo.Simples assim.
Quem de nós não passou já na vida, um Domingo assim. É por isso que FP é único. Só ele consegue em palavras tão simples, conhecer e descrever os nossos sentimentos tão complexos.
ResponderExcluirBeijinhos :)
Querida Helga...
ResponderExcluirSimplicidade e complexidade andam juntas em FP, mas sempre nos desafiam e nos encantam.
Beijos. Obrigada.
Gizelda,
ResponderExcluirComo sempre, um post com bom gosto. Hoje foi a vez de nos trazer Álvaro de Campos.
Acerca do poema em questão, de que apenas publicou uma parte, é justo dizer que ele acaba da seguinte forma:
...
Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...
Dei uma vista de olhos pelos "meus apontamentos" e descobri isto:
"Nesta composição lírica, sujeito poético afirma no primeiro verso que não é cansaço aquilo que sente, reiterando essa afirmação ao longo do poema. No entanto, e talvez um pouco paradoxalmente, refere que a desilusão se lhe “entranha na espécie de pensar”, sublinha a monotonia da vida (“é a mesma coisa variada em cópias iguais”), exprime a angústia perante o mistério e a indefinição que perpassam nesse “falso cansaço”; finalmente aceita que, “porque ouve e vê”, o estado em que se encontra é de cansaço: “Confesso: é cansaço!...” Assim, pode-se afirmar que, progressivamente, o sujeito poético se deixa dominar por uma letargia, um estado de cansaço e desistência, que o afasta do mundo."
É sempre um prazer vir aqui.
Bjs
Muito obrigada, AC...você complementou e enriqueceu enormemente o post.
ResponderExcluirEm verdade pouco importa qual poema, Heterônimo, Ortônimo,pois com F.P. a gente sempre tem o que aprender e muito para amar.
Beijos