domingo, 17 de julho de 2011
...somos imortais enquanto vivermos.
«Há que fazer uma distinção entre morrer e a morte. Nem tudo é morrer ininterruptamente. Se somos saudáveis e nos sentimos bem, vamos morrendo invisivelmente. O fim, que é uma certeza, não tem de ser arrojadamente anunciado.
Não, não podemos compreender. A única coisa que compreendemos acerca dos velhos quando não somos velhos é que foram marcados pelo seu tempo. Mas compreender apenas isso imobiliza-os no seu tempo, o que equivale a não compreender nada. Para aqueles que ainda não são velhos ser velho significa que já fomos. Mas ser velho também significa que apesar de, além de e para lá do nosso estado de ser, ainda somos.
O nosso estado de ser está muito vivo. Ainda somos e sentimo-nos tão atormentados pelo ainda-ser e pela sua plenitude como pelo já-ter-sido e pela sua qualidade de passado.
Pensem na velhice do seguinte modo: o facto de a nossa vida estar em risco é apenas um facto quotidiano. Não podemos esquivar-nos ao conhecimento daquilo que em breve nos espera. O silêncio que nos envolverá para sempre. Tirando isso, é tudo a mesma coisa. Tirando isso, somos imortais enquanto vivermos.»
Philip Roth, O Animal Moribundo. Lisboa: Dom Quixote, 1.ª edição, Setembro de 2006
Há n maneiras de morrer.Uma delas é acreditar na imortalidade e gastar inutilmente a vida. Há uma diferença brutal entre viver e viver bem.Quantos de nós jogamos o hoje fora , na esperança de um amanhã melhor? Ainda somos...é dolorido o sentido implícito na palavra ainda.
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Que lindo, Mãe!!!
ResponderExcluir06:25h num domingo?! Caiu da cama?!
Beijos
Te amo!
A certeza de que um dia morreremos é extensiva a todos nós. Isso é fato. Enquanto ainda existimos, ainda somos. E somos no tempo presente, que se renova, que se reinicia. O futuro é o não-ser.
ResponderExcluirBeijos carinhosos, querida amiga!
Coincidência as nossas postagens falando do tempo... Como no texto do Rubem Alves "Tempus fugit" Eu tenho o pensado no presente, a vida é curta pra ser economizada para amanhã. Carpe Diem minha amiga! Bjusss
ResponderExcluirE quanta coisa não se faz, não se diz e não se vive à custa do engano da imortalidade? E o Texto de Philip Roth mostrou-me uma nova forma de encarar o tempo e a velhice. Gostei bastante, obrigado Gizelda!
ResponderExcluirBeijinhos doces, Ava.