Férias...enfim.
Época de arrumar os armários e colocar a casa – e a vida – em dia. Certo? Não. Errado. Quanto mais tempo temos disponível,menos realizamos. Fica para amanhã! e o amanhã nunca chega.
Assim, é domingo poeirento, último dia das minhas curtas férias e resolvi fazer , hoje, o que deveria ter sido feito em duas semanas.
O resultado foi glorioso.
O resultado foi glorioso.
A cada gaveta esmiuçada, a cada prateleira revolvida,a cada porta que se abriu, um mundo se descortinou. Minha vida foi sendo exposta em papeizinhos, flores secas, fotos , bilhetinhos ,brincos quebrados, roupas antigas,e tantas outras quinquilharias, cada uma com sua história, na verdade a MINHA história.
Um indizível cheiro de saudade.
Um indizível cheiro de saudade.
Olho uma foto-montagem onde estou de braços dados com Machado de Assis (pode?)e vejo um aluno especial no baile de formatura.Ao lado, um porta-retrato estampa em letras garrafais um “ Eu te amo”e algumas dedicatórias assumem rostos e presenças queridas. Vejo salas do terceiro ano em Vinhedo, Piracicaba, São Paulo, Sousas,com uma nitidez que- quase - posso tocar as pessoas que ali sorriem.
Revisto uma caixa de fotos antigas, de quando? Não importa : são minhas filhas, pequenas, lindas , preciosas.Meus avós, tios,primos, alguns já encantados.E as recordações fluem aos borbotões incontroláveis, com uma grandiosidade avassaladora.
Quantos mil adolescentes passaram por mim nesses anos...Estão longe e tão perto!Por quantos lugares andei, quantos momentos inesquecíveis, bons e maus.
Quantos mil adolescentes passaram por mim nesses anos...Estão longe e tão perto!Por quantos lugares andei, quantos momentos inesquecíveis, bons e maus.
Olho para a profusão de coisas, meio incrédula.Não há nada, nada mesmo de que eu queira me desfazer. Toda essa “tralha” é testemunho da minha vida. Não a passei em brancas nuvens. Vivi tudo. Sofri muito, mas tive uma certeza: no caminho percorrido meu saldo é positivo. Para mim, claro!
Meus armários voltam à “bagunça” inicial. Quando eu me for, tudo isso será lixo, mas , nesse momento são histórias vividas, sentidas e muito acesas na minha memória e no meu coração.
Volto à sala de aula -amanhã- com a certeza de que quero estar lá, que minha história ainda não terminou...
Adorei seu texto Gizelda!
ResponderExcluirEu tenho uma imensa dificuldade em desfazer-me das coisas.... Não por seu valor material, mas pelo valor afetivo, lembranças boas do vivido e sentido... Apesar de que muito do que descartei ficou, a materialidade da lembrança ainda é bem palpável. Ótima semana e bom retorno ao trabalho! Bjusss
Eu entro de férias, a gizelda retoma as aulas. Curiosamente tb andei a arrumar gavetas e a rever uma Ibel que começa a duvidar da existência do tempo dos retratos da sua juventude.Diz-se que o tempo passa depressa, mas a verdade é que sinto que vivi já muito tempo e este paradoxo me deixa perplexa. Uma certeza. Quero continuar a viver e a ter a lucidez de me reconhecer na poeira dos retratos.
ResponderExcluirLindo texto, Gizelda! Lindo pelos sentimentos que nossas gavetas e armários guardam e nos revelam quando os abrimos e os vasculhamos. Gavetas e armários guardam muito de nós e revelam mais do que escondem. E a sala de aula, ah! não há lugar melhor para experiência de vida, para o alcance da maturidade, para o encantamento e o desencanto, para o canto que insistimos que os alunos entoem juntos e não desafinem.
ResponderExcluirComo professor, não vejo a hora do retorno às aulas, mas deverei esperar, infelizmente, mais esta semana. Só 1 de agosto...
Beijos carinhosos sempre!