‘Todos os dias atravessamos a mesma rua ou o mesmo jardim, todas as tardes nossos olhos batem no mesmo muro avermelhado, feito de tijolos e de tempo urbano. De repente, num dia qualquer, a rua dá para um outro mundo, o jardim acaba de nascer, o muro fatigado se cobre de signos. Nunca os tínhamos visto e agora ficamos espantados por eles serem assim: tanto e tão esmagadoramente reais. Sua própria realidade compacta nos faz duvidar: são assim as coisas ou são de outro modo? Não, isto que estamos vendo pela primeira vez, já havíamos visto antes. Em algum lugar, no qual nunca estivemos, já estavam o muro, a rua, o jardim. E à surpresa segue-se a nostalgia. Parece que nos recordamos e queríamos voltar para lá, para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz antiquíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer. Nós também somos de lá. Um sopro nos golpeia a fronte. Adivinhamos que somos de outro mundo...’
Octávio Paz
Difícil expor esse texto sem pensar em mim, sem intuir o porquê do meu desassossego. Acredito, concretamente,que sou de “outro mundo”.
O jardim, o muro, os tijolos, tudo permanece, ali, menos eu ,que não consigo vê-los na
minha realidade.
minha realidade.
Por anos, alimentei a mesma ideia a meu respeito e, por mais que eu deseje pertencer a este mundo e incorporá-lo a mim, há algo em mim que resiste a ele.
ResponderExcluirBeijos!
Amada, lindo texto que realmente nos leva à profunda reflexão...
ResponderExcluirPS. Minha querida, só Deus poderá te recompensar por seu carinho e amizade para comigo, viu?
Que Ele te abençoe e proteja eternamente!
Carinhos muitos pra ti!
Beijos de flor
Suelzy