
“Florentino Ariza não deixou de pensar nela um único instante desde que Fermina Daza o rechaçou sem apelação depois de uns amores contrariados e longos, e haviam transcorrido a partir de então cinquenta e um anos, nove meses e quatro dias”
......................................................................................
Depois de um longo tempo, Florentino Ariza olhou Fermina Daza ao fulgor do rio, viu-a espectral, o perfil de estátua suavizado por um tênue resplendor azul, e viu que chorava em silêncio.Mas, em vez de consolá-la, ou esperar que esgotasse suas lágrimas, como queria ela, deixou-se invadir pelo pânico.
-Você quer ficar só?
-Se quisesse não diria a você que entrasse.-disse ela.
Então ele estendeu os dedos gelados na escuridão, buscou tateante a outra mão na escuridão, e a encontrou à espera.Ambos foram bastante lúcidos para perceber , num mesmo instante fugaz, que nenhuma das duas era a mão que tinham imaginado antes de se tocar, e sim duas mãos de ossos velhos.
Gabriel Garcia Márquez
Gizelda ,impregnada até os ossos pelo amor incondicional de Florentino Ariza por Fermina Daza... Lindo.Imperdível.
Me permita um outro trecho do mesmo livro, ainda que não envolva diretamente Florentino:
ResponderExcluir"Chegou a reconhecê-la no tumulto através das lágrimas da dor que jamais se repetiria de morrer sem ela, e a olhou pela última vez para todo o sempre com os mais luminosos, mais tristes e mais agradecidos olhos que ela jamais vira no rosto dele em meio século de vida em comum, e ainda conseguiu dizer-lhe com o último alento:
- Só Deus sabe o quanto amei você."
Tudo nesse livro, repetindo as suas palavras, é "Lindo. Imperdível.
Um dos melhores que li "nesta vida de meu Deus".
Beijo.