De algum tempo para cá, tenho me percebido de inúmeras
maneiras até então desconhecidas e uma delas é voltar em flashs – sob um novo
olhar- a algo que vivi em um determinado
momento.
Hoje, aconteceu ao fazer uma curva na avenida e me deparar
com um pé de acácias amarelinho e sem folhas. De qualquer maneira , eu iria notá-lo,
porque sou atraída por essa cor desde que me entendo por gente.
Mas, nessa manhã, foi diferente: bati os olhos na bela árvore
e vi a casa da minha avó, onde um imenso pé de acácias ficava rente ao muro, ao
lado do portão do jardim. Abri esse portãozinho e mergulhei por segundos em um mar de lembranças .
A magia de uma casa antiga e segredos desvendados por uma
criança:
- A galinha cantou!.. e lá ia eu colher um ovo quentinho em
um quintal cheio de maravilhas. Amoras, tamarindo, jambo ...frutas que se
apanhavam no pé.
Na sala de jantar, um guarda-louças, em sua primeira gaveta,
escondia um pedaço enorme de queijo parmesão italiano, com a casca escurecida,
que minha avó cortava em grandes lascas .Sinto o sabor delas , agora, ainda. E
o doce de leite?...hummm. Para mim , ainda havia a esperada sexta-feira, na
qual invariavelmente o almoço era macarrão alho e óleo, polvilhado com as tais
lascas do parmesão.
Há décadas ,minha avó se foi, mas , hoje eu estive na casa
dela, com tal intensidade que bem poderia tocar nos móveis e sentir o sabor de
sua presença .Voltei a mim, quando o sinal se abriu.
Acho que isso é o envelhecer. Você se dá conta,de repente,
que viveu momentos prosaicos que parecem esquecidos, mas eles estão intactos para saírem sob a forma de nostalgia, em um dia qualquer em que seu coração estiver aberto para a vida, ou simplesmente...para um lindo pé de acácias.
Que lindo Gi!
ResponderExcluirQue lindo Gi!
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