quinta-feira, 15 de março de 2012

Acácias em uma curva do caminho.




De algum tempo para cá, tenho me percebido de inúmeras maneiras até então desconhecidas e uma delas é voltar em flashs – sob um novo olhar-  a algo que vivi em um determinado momento.
Hoje, aconteceu ao fazer uma curva na avenida e me deparar com um pé de acácias amarelinho e sem folhas. De qualquer maneira , eu iria notá-lo, porque sou atraída por essa cor desde que me entendo por gente.

Mas, nessa manhã, foi diferente: bati os olhos na bela árvore e vi a casa da minha avó, onde um imenso pé de acácias ficava rente ao muro, ao lado do portão do jardim. Abri esse portãozinho e mergulhei por  segundos em um mar de lembranças .
A magia de uma casa antiga e segredos desvendados por uma criança:
- A galinha cantou!.. e lá ia eu colher um ovo quentinho em um quintal cheio de maravilhas. Amoras, tamarindo, jambo ...frutas que se apanhavam no pé.

Na sala de jantar, um guarda-louças, em sua primeira gaveta, escondia um pedaço enorme de queijo parmesão italiano, com a casca escurecida, que minha avó cortava em grandes lascas .Sinto o sabor delas , agora, ainda. E o doce de leite?...hummm. Para mim , ainda havia a esperada sexta-feira, na qual invariavelmente o almoço era macarrão alho e óleo, polvilhado com as tais lascas do parmesão.

Há décadas ,minha avó se foi, mas , hoje eu estive na casa dela, com tal intensidade que bem poderia tocar nos móveis e sentir o sabor de sua presença .Voltei a mim, quando o sinal se abriu.

Acho que isso é o envelhecer. Você se dá conta,de repente, que viveu momentos prosaicos que parecem esquecidos, mas eles estão  intactos para saírem sob a forma de nostalgia, em um dia qualquer em que seu coração estiver aberto para a vida, ou simplesmente...para um lindo pé de acácias.

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