sábado, 23 de outubro de 2010
Nada é eterno.
(...)Naturalmente, nada impede que você recoloque a cadeira no mesmo lugar de antes, se sente nela e permaneça ali por quanto tempo quiser, ou conseguir, e durante todo esse tempo goze a sensação de estar na posse da sua materialidade perdida. Mas essa sensação é ilusória, pois esses vestígios não fazem mais parte de você: só podem ser ocupados provisoriamente, como uma roupa que se veste. Assim que se cansar desse jogo e se levantar da cadeira, você vai voltar a perdê-los: mais ainda, vai perder também uma pequena porção adicional de sua matéria, mais vestígios seus que vão ficar no ar, superpostos aos anteriores.
Esses vestígios mais cedo ou mais tarde vão se dispersar, com o movimento constante de corpos no quarto, e se perder para sempre. Assim, você está constantemente largando camadas sucessivas de seu ser, desintegrando-se a cada instante de sua existência no espaço; e é por isso que você não é eterno, não pode ser eterno, pelo mesmo motivo que um lápis ou uma borracha não podem ser eternos.
Mas há uma maneira simples de alterar essa situação - quer dizer, não alterá-la objetivamente, o que seria impossível, e sim modificar o modo como você a vivencia (e como você só sabe das situações o que vivencia delas, para todos os fins práticos modificar sua percepção de uma situação é a mesma coisa que modificar a situação em si): basta sentar-se na cadeira, pegar um lápis e uma folha de papel, e começar a escrever.
in Paraísos Artificiais ( P.H.Britto)
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É instigante lembrar que passamos pela vida e de nós se vão até os vestígios.Que a vida se desintegra por completo,mesmo a simples memória. A única permanência possível está em palavras . É de uma clareza contundente constatar isso.
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Amiga querida, Um texto profundamente belo! E será que nada é mesmo eterno amiga...? Deixo a ti uma chuvinha de carinho pra que ela regue teu coração e faça germinar e crescer cada dia mais nossa amizade... Bjsss
ResponderExcluirMais um lindo texto que nos faz reflectir.
ResponderExcluirO que seria de nós (de mim pelo menos) sem as minhas palavras? Talvez o mesmo que seria de um lápis que nunca foi afiado. Também eu seria um corpo sem serventia, que nem os meus vestígios deixaria.
Beijinhos :)
Tudo é eterno...mas só enquanto dura...
ResponderExcluirBeijo d'anjo
Se as palavras são eternas, deixo aqui algumas delas só para você ter certeza que a minha admiração por você vai sempre existir! Mesmo quando eu desapareço por um tempo, sempre penso com carinho em você, minha eterna professora não só de literatura e redação, mas da vida! Viva a tecnologia que me faz estar perto de você, mesmo não estando! beijos!
ResponderExcluirFlor...
ResponderExcluirAdorei a chuva de carinhos e retribuo a gentileza com todo meu coração.
Sim, a nossa amizade existe, apesar de virtual, ou...mesmo virtual.
Obrigada. beijos.
Querida Helga...
ResponderExcluirVocê não imagina a alegria que senti tendo-a aqui de novo.
Muito mais porque sei que você está bem e no lugar que lhe pertence : o daqueles privilegiados que sabem usar as palavras e se deixam ficar por onde passam com elas.
beijos. Seja sempre bem-vinda.
Sonho...
ResponderExcluirTão poucas as suas palavras e tanto nas entrelinhas: a eternidade do momento.Lindo.
beijo e obrigada.
Amada amiga, passando pra lhe deixar um abraço e meu carinho... Bjsss
ResponderExcluirQuerida Gabi...
ResponderExcluirEu nunca desapareço do seu blog, estou lá sempre que minha lista sinaliza seu novo post. E sempre reconheço neles sua marca registrada.:dizer o máximo, usando o mínimo de palavras.
O homem foi dotado de memória , por isso pode selecionar quem e o que deve permanecer nela. Você, com certeza, ficou na minha e através dela no meu coração.
beijos.Obrigada sempre.
Gizelda,
ResponderExcluirA minha falta de assiduidade apenas se deve à falta de tempo. Sinto imenso a falta de comentar, de me sentar e parar um pouco... estou a tentar fazer isso e acho que só aos fins-de-semana o tentarei fazer. Mas continuo a lê-la e a reflectir na sua escrita... para mim... eterna, sem dúvida. :)
Beijinhossssssssss
Querida JB...
ResponderExcluirTambém estou sem tempo para nada, com minha mãe doente, em um hospital há 15 dias.De vez em quando dou uma passadinha, mas não tão calma como deveria e eu gostaria.
De qualquer maneira, continua a ser um prazer tê-la aqui sempre.
beijos