Talvez a vida não seja luminosa
Mas tem momentos: o lago da cama, o sol
Na lombada dos livros,
o joelho amável
Da mulher deitada.
Como vai ser a manhã
Não sei, ergo a minha taça.
Amadurece o mar, mergulho na luz
E regresso a casa: a boca na maçã
À sombra do teu olhar, a música
Dos gatos, as tuas mãos que envolvem
As árvores ao meio dia.
Sabor a terra,
Gota a gota na minha língua.
Caminho na praia como quem sente
As peles sobrepostas do mundo em volta
Do meu corpo, coração de pó
E sento-me em repouso a ouvir a respiração
Do vinho.
Talvez a noite não apague
Esta magia.
Casimiro de Brito in 69 Poemas de Amor,4Águas Editora 2008
Há uma fase da vida que poderíamos chamar de " da caça à felicidade".É uma violência para a qual não estamos preparados, pois na ópera cômica os amores são felizes porque são capazes de tocar o mundo exterior com a mágica leveza da graça e do riso.
Não é suficiente repousar o corpo, é preciso repouso da alma , para que a felicidade se instale quase imperceptível. É o bastante!
Casimiro de Brito, algarvio, pai de uma amiga minha, Sílvia, actriz.
ResponderExcluirGostei de o ler aqui, Gizelda.
Obrigada.
Em@...
ResponderExcluirFoi difícil escolher um poema entre tantos de qualidade. Já o conhecia, e gosto muito de trabalho poético que ele cria.
Pode dizer para sua amiga que vou postá-lo mais vezes,por puro merecimento.
Beijo. Obrigada.
Devo confessar que não conhecia nem o poeta ,nem o poema e que fiquei seduzida pelo caminho em que ele conduz as palavras que parecem erguer o seu caule...á procura da luz, sinuosamente são seiva e sinal da sua memória...
ResponderExcluirQuanto á felicidade, minha querida, é como o vento que...não se sabe de onde veio e nem para onde vai...mas é preciso estar atenta para agarrar esse momento!!!
Beijos carinhosos.
Graça
Olá Giz
ResponderExcluiradorei o maravilhoso poema,
sem sombra de dúvidas que é bastante profundo e intenso.
Quanto à felicidade,
o que eu penso é que ela está sempre presente, embora na grande maioria das vezes a gente nem se dá conta dela!!
Beijo
Oi, Graça...
ResponderExcluirEle tem alguns poemas muito bons, com uma leveza muito singular.
E, sem dúvida, " felicidade é como a pluma que o vento vai levando pelo ar..."às vezes passa e a gente nem vê.
Beijos, muitos. Obrigada.
Gizelda,
ResponderExcluir"Talvez a vida não seja luminosa
...E regresso a casa
...E sento-me em repouso a ouvir a respiração"
Retirando assim estas expressões deste belíssimo texto, vejo que muitas das vezes é o que tentamos fazer (independentemente do conceito de "casa" aqui referido).
Este regresso e apaziguamento apenas os vejo como uma pausa para uma nova tentativa de continuar essa procura, de ter alento para desafiar/encontrar os que "são capazes de tocar o mundo exterior com a mágica leveza da graça e do riso".
É sempre um prazer repousar o corpo e a alma por aqui!!!
Beijinhos, Gizelda!
Acho que condicionamos a felicidade a algumas exigências descabidas, concretas, e ela é tão mais simples e eterea que, quando nos toca,não a percebemos.
ResponderExcluirSe nossa alma estivesse em repouso, talvez fosse mais fácil senti-la.
Beijos e um lindo domingo para você, JB.
HC...
ResponderExcluirna maioria das vezes estamos em busca da grande felicidade e deixamos escapar as pequenas e cotidianas com as quais convivemos sem perceber.
Complicado e eterno.
Beijos, querido.