domingo, 5 de agosto de 2012
Há quem viveu muito e nunca viveu.
Qualquer que seja a duração de nossa vida, ela é completa. Sua utilidade não reside na
quantidade de duração e sim no emprego que lhe dais. Há quem viveu muito e não viveu.
Meditai sobre isso enquanto o podeis fazer, pois depende de vós, e não do número de anos,
terdes vivido bastante.
Meditar sobre a morte é meditar sobre a liberdade; quem aprendeu a morrer, desaprendeu de
servir; nenhum mal atingirá quem na existência compreendeu que a privação da vida não é um
mal; saber morrer nos exime de toda sujeição e coação.
Montaigne in "Filosofar é aprender a morrer"
De “morre-se só” para “vive-se só” a conseqüência não é exata, pois se apenas a dor e a morte
forem invocadas para definir a subjetividade, então, para ela, a vida com outros e no mundo
serão impossíveis… Estamos verdadeiramente sós apenas quando não o sabemos. Essa
ignorância é a solidão… A solidão de onde emergimos para a vida intersubjetiva é apenas a
névoa de uma vida anônima e a barreira que nos separa dos outros é impalpável.
"O filósofo e sua sombra" / Merleau-Ponty
Viver é um risco, principalmente quando se sabe- embora ninguém pense nisso - que podemos morrer em qualquer tempo.
Segundo Montaigne,saber morrer nos exime de toda sujeição e coação.Isso deveria ser o bastante, mas não é. Talvez,o que nos falte seja aceitar a morte como fato e não como probabilidade.
Mas, como se consegue aceitar que somos o princípio e o fim? E que isso não é filosofia, é realidade?
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