domingo, 6 de novembro de 2011

Não como quem sonha, mas como quem vê.



Voltei pela mesma estrada poeirenta por onde sai , um dia...Um atalho verde-sujo de canaviais- onde estão os cafezais da minha infância?-são pontilhados por árvores deslumbrantemente avermelhadas.

A cidadezinha - ontem e sempre - começa pelo cemitério. Estranho e familiar.Estaciono o carro debaixo de frondosos flamboyants floridos que me cobrem do sol quente.Atrás dos muros , meu pai, avós, tios , amigos...um pedaço grande da minha história.

Hesito.Não vou entrar.Guardo-me e guardo-os. Eles não estão ali. Só eu estou.

Viro-me antes que alguém me reconheça-será?-dobro à esquerda no que deveria ser um lugar familiar.Não é mais. A ruazinha acanhada , hoje uma avenida, e as poucas pessoas pelas quais passo me são estranhas, não as reconheço, assim como elas não sabem de mim.

Ecos de um tempo distante me angustiam.Vejo além. São minhas raízes enterradas no tempo.Gostaria enormemente de não estar ali.Melhor a lembrança do que a constatação.

Tomo de volta a mesma estrada, não como quem sonha, mas como quem vê.

A cidade é, ainda hoje, minha raiz,mas deixo-a para trás e entro em casa com o desalento de quem tem certeza de que o tempo-ontem se foi.


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