terça-feira, 6 de setembro de 2011
Os ninguéns
As pulgas sonham com comprar um cão, e os ninguéns com deixar a
pobreza, que em algum dia mágico a sorte chova de repente, que chova a boa sorte
a cântaros; mas a boa sorte não choveu ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca,
nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e
mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o
ano mudando de vassoura.
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada.
Os ninguéns : os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e
mal pagos:
Que não são, embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais
da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.
Eduardo Galeano.
Dispensa qualquer apreciação...Esse texto se basta.
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Concordo com você, amiga!
ResponderExcluirBeijos!
Gizelda,
ResponderExcluirGostei muito da sua escolha de hoje, sinal inequívoco de que há por aí muita energia...
Beijo :)
E é bem verdade, vivemos num mundo onde as pessoas deixaram de serem pessoas para tomarem um lugar que muitas vezes nem conhecemos.
ResponderExcluirTudo tem recebido outras denominações...
Confesso que há uma distância cada vez maior entre as pessoas e é de entristecer a alma.
Abraços
Alguém me ajudar ? Tenho um trabalho sobre esse
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