sábado, 30 de abril de 2011

Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor?!


Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba...

São as feições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas, que partem do centro para a circunferência, que quanto mais continuadas, tanto menos unidas.
Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino; porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota-lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos com que vê o que não via; e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge.
A razão natural de toda esta diferença é porque o tempo tira novidade às coisas, descobre-lhe os defeitos, enfastia-lhe o gosto, e bastam que sejam usadas para não serem as mesmas.
Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor?! O mesmo amar é causa de não amar e o ter amado muito, de amar menos...


Pe. Antônio Vieira, Sermão do Mandato, 1643



O amor verdadeiro não acaba, trasforma-se e persiste...mesmo que doa a vida inteira.Não acredito em amar menos e ,sim, em desamor.Talvez seja esse o maior problema do mundo contemporãneo : desamor.

5 comentários:

  1. Um texto muito sábio, reflexivo, e verdadeiro! Amei querida amiga!!!

    Deixo um abraço, e carinhos pra ti, viu?
    Beijos

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  2. Giselda,
    Ainda bem que regressou, já lhe sentia a falta.
    O seu comentário final põe o dedo na ferida: o desamor. Mas parece que, nos tempos que correm, esta questão pouco diz aos senhores que legislam em torre de marfim, os auto-proclamados senhores do nosso destino. Não lhes interessa uma sociedade harmoniosa, mas um número viável para a sobrevivência. O resto é descartável.
    Desculpe-me, Giselda, mas hoje estou assim.

    Beijo :)

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  3. Flor, minha querida...

    Muito bom tê-la aqui.Além das palavras ficou seu perfume.

    beijos.

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  4. Querido AC...

    É muito bom voltar e tê-lo aqui. Eu também estou assim , por isso até adoeci.

    Felizmente, pela lei natural, tudo que vive no alto, um dia cai. Não é preciso fazer nada, eles mesmos se derrubam.

    Beijo

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  5. Gizelda querida!
    Um tanto melancólico, mas profundo e verdadeiro... Pena que o tempo as vezes se arrasta e a dor se arrasta junto... Infelizmente a modernidade vem tornando o amor totalmente descartável. Só sobrevive no olhar do poeta! Bjusss

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