Havendo uma linguagem do forte, há por sua vez uma do fraco, uma linguagem do rebanho - a amarga retórica dos cativos. É dela que deve-se precaver. Há nela um evidente discurso do ressentimento, que atribui todas as desgraças do mundo e da sua vida aos outros. Incapaz de assumir a sua responsabilidade pessoal (atributo apenas dos fortes), seja lá no que for, o medíocre, o pequeno, o de " alma estreita", transfere a causa dos seus inúmeros fracassos e decepções a tudo o que está além e acima dele (em Deus ou no diabo, nos nobres, no senhor, no patrão, etc..). O sentimento melindrado do rebanho, expressão coletiva do ordinário e do baixo, volta-se então contra o que se destaca, para o excepcional, acusando-o com dedos numerosos e trêmulos de não ter fracassado e sucumbido na vida como os demais. Condena igualmente "as paixões que dizem sim": a altivez, a alegria, o amor do sexos, a inimizade e a guerra - enfim, "tudo o que é rico e quer dar, gratificar a vida, dourá-la, eternizá-la e divinizá-la - tudo o que age por afirmação".
Friedrich Nietzsche in A Vontade de Poder.
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/artigos/nietzsche_filosofo.htm
Nietzsche foi um arguto observador das terríveis distorções psicológicas que a dominação de um ser humano sobre o outro provoca. De certa forma, ele inverte o primado marxista de que as ideias dominantes são as da elite dominante. Para Nietzsche, ao contrário, são os dominadores que tem que precaver-se com as perigosas e debilitadoras ideias dos dominados, pervertidas que foram exatamente por eles terem sido de alguma forma oprimidos.
A teoria do ressentimento como expressão dos vencidos da vida é uma apreciável, se bem que questionável, contribuição de Nietzsche à psicologia moderna.
Vontade de potência (Wille zur Macht)Trata-se da pulsão permanente pela vida e pelo domínio. Requer a mobilização completa das energias, físicas e mentais, para incessantemente conduzir as coisas às últimas conseqüências. Wille zur Macht é o domínio e a superação de si, das debilidades, e, também domínio sobre os outros e sobre a natureza. A vontade liberta porque é criadora.
A vida introspectiva do ser humano continua um mistério, embora filósofos e pensadores, psicológos e outros se arvorem em descobri-la. É fato inconteste que um ser humano que se sente menosprezado destila ressentimento, mas dai a generalizar ...Enfim, creio que esse é um segredo divino e tudo o mais não passa de especulação.
Mas...quem sou eu para questionar Nietzsche?
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