segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
O sabor da memória.
As bolas vermelhas brilham faiscantes na imensa árvore artificial. O silêncio é quebrado pelo rumor da minha memória.Ela me vem através de gosto e cheiro...o perfume do cipreste do Natal da minha infância. O gosto do bolo xadrez depois da Missa do Galo....o vinho adocicado e brilhante na taça translúcida em cima da toalha adamascada.
Estranho que tanto tempo se tenha passado. Uma vida. No entanto, aí está com a nitidez de algo que nunca vai se apagar.Os natais da minha infância eram feitos de dezenas de presépios que se multiplicavam em cores e luzes nas casas abertas de amigos.Presentes raros e parcos, presenças fartas ,doces e preciosas. E família, amigos,sonhos...tantos.
Na cama,desde cedo,vestido e sapatos novos que eu não me cansava de olhar.Tocá-los era puro prazer. Quanto disso eu percebia na época? Muito.
Tenho certeza agora de que aquela inefável sensação de alegria existia real dentro de mim. E ficou para sempre intocada em algum lugar que não sei qual é.
O surpreendente é que a recobrei hoje , não sem muita nostalgia.Fiquei muito tempo mergulhada em um tempo que se foi ,mas ficou.Estendo a mão para tocá-lo. Mas não há.
O perfume do cipreste e o gosto do bolo , no entanto,estão vivos, vivíssimos.Sinto- os com todos os meus sentidos em todas as suas nuances.
Eles se chamam SAUDADE.
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Saudade que nos rendeu um belíssimo e emocionante poema! Amiga, aplaudo-te com o coração! Carinhos pra ti... Bjsss
ResponderExcluirCheiro de saudades...
ResponderExcluirOdeio Natal, pois nunca mais terei o cheiro do cuscuz que minha vó fazia, com meus primos correndo pela casa, enquanto eu tentava espiar entre os índios do forte-apache do mais velho...
Memórias, saudades...
Bj e feliz festas!
Bonito, muito bonito!
ResponderExcluirUm retorno ao passado em busca do tempo perdido que nunca se perde - a infância, onde todos os sonhos são ainda possíveis.
Um beijo
Muito bonito seu texto!!!
ResponderExcluirEle me fez lembrar dos natais da minha infância passados na cidade onde nasci: Natal (hehehe). Muitos dos queridos presentes nessa lembrança já não estão mais por aqui, outros não vejo há muito. Como disse, "um tempo que se foi, mas ficou".
Mas saudade é bom!!! Dói, mas é bom... Sentimos saudade apenas das coisas boas da nossa vida. Portanto, quanto mais saudade sentimos, mais coisas boas tivemos na nossa vida. E saber que tivemos uma vida cheia de boas coisas é gratificante.
Abraços
Igor
Ps.1: Adorei seu blog! Tomei a liberdade e já estou seguindo ele e o indicando no meu (se me permitir)... Dê uma passadinha por lá, espero que goste!!!
Amiga linda, vim te visitar e te deixar uma chuvinha de carinho pra regar teu lindo e amoroso coração, viu? Bjsss
ResponderExcluirGizelda,
ResponderExcluirPerdoo-me a ausência, embora ela seja muito relativa.
Estou neste momento a sentir o peso do cansaço, um alerta de que não devo ultrapassar os meus limites. É que o trabalho tem sido tanto, e com ele sempre a sensação de que as coisas, quando se fazem, têm de ser bem feitas, que chega uma altura em que...
Mas hoje o que aqui nos traz é a essência do Natal, essa flor cristalina que desabrocha, com um simples tique, quase de forma espontânea na nossa infância. Ao longo da vida, pelo impacto nu e cru das coisas (humanas, é claro) a chama vai-se esbatendo, mas perdura sempre um resquício, qualquer coisa que não se quer apagar. Talvez seja neste sentimento que queiramos ver a utopia das coisas, que se nega a morrer, talvez ele seja o resguardo dos nossos sonhos...
Seja como for, só por isso já vale a pena o Natal.
Beijo :)
Agora que voltei aqui, o "Perdoo-me" deveria ser "Perdoe-me". Acontece.
ResponderExcluirQuerida Flor...
ResponderExcluirUma delícia quando você passa por aqui. O Desassossego fica perfumado ...gentileza e carinho são a sua marca.
Obrigada, sempre
beijos
Vanessa, querida...
ResponderExcluirPosso pouca coisa nessa vida, mas explicar-lhe que você NÃO odeia o Natal é uma das que posso.
Você sente o mesmo que eu: nostalgia pela lembrança das belas coisas que ficaram pelo caminho.Impossível recuperá-las, e por isso a saudade dói.
Beijos, minha linda.Obrigada por estar aqui.
Querida Lídia...
ResponderExcluirO Natal é lindo e triste.O novo e belo não exclui o velho, por isso a sensação de que está faltando alguma coisa torna-se eterna.
Beijos, querida. Obrigada.
Igor...fiquei feliz com sua chegada ppelo Desassossego e com seu comentário tão sensível.
ResponderExcluirTambém estarei seguindo Você. Desejo que volte sempre. Sinta-se em casa.
beijo.
Querido AC...
ResponderExcluirSei perfeitamente o que está lhe acontecendo, passo pelo mesmo desafio: vencer o cansaço e o estresse de um ano de muito trabalho. Sua presença aqui, apesar de...,só mostra o quão especial você é e me diz que nesse ano amealhei pessoas preciosas para meu convívio. Você, sem dúvida, é uma delas.
Natal deveria ser todo dia, por sentirmos uma necessidade de estar próximos das pessoas que nos amam e a quem amamos.Mas, o cotidiano cobra o envolvimento físico em árduas tarefas e o deleite emocional se perde pelo caminho até...o próximo Natal.
De qualquer maneira, meu amigo, foi uma honra e um prazer partilhar essa conversa consigo...assim como todas as outras.
Beijos, muitos. Obrigada.
Gizelda
ResponderExcluirIdentifico-me tanto, mas tanto, com aquilo que escreve, que parace haver comunhão de ideias e sentimentos entre ambas. O seu texto fez-me chorar, sabe? Também estendo a mão...e nada. Nem a voz de minha mãe...e essa é que me faz mesmo falta!!!Saudades somadas a saudades com o cheiro branco da sua voz algures...lá longe.
FELIZ NATAL, Amiga!!!!