quinta-feira, 29 de abril de 2010
in O Nome da Rosa.
Os homens de outrora eram grandes e belos (agora são crianças e anões), mas esse fato é apenas um dos muitos que testemunham a desventura de um mundo que vai envelhecendo.
A juventude não quer aprender mais nada, a ciência está em decadência, o mundo inteiro caminha de cabeça para baixo, cegos conduzem outros cegos e os fazem precipitar-se nos abismos, os pássaros se lançam antes de alçar voo, o asno toca lira, os bois dançam. Maria não ama mais a vida contemplativa e Marta não ama mais a vida ativa, Léa é estéril, Raquel tem olhos lúbricos, Catão frequenta os lupanares, Lucrécio vira mulher.
Tudo está desviado do próprio caminho. Sejam dadas graças a Deus por eu naqueles tempos ter adquirido de meu mestre a vontade de aprender e o sentido do caminho reto, que se conserva mesmo quando o atalho é tortuoso.
Umberto Eco - O Nome da Rosa
Livros obrigatórios para entender a vida, eis um deles.
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Pois é Gizelda, creio que já não há como voltar atrás. O caminho há muito que foi desviado e as gerações futuras irão percorrê-lo, sem alguma vez chegar a saber como ele foi outrora.
ResponderExcluirÉ o futuro, o progresso, o destino... ou apenas a ganância do conhecimento e a ignorância do desconhecimento. Não sei. Apenas existe e instalou-se para nos guiar daqui para a frente.
Beijinho :)
Helga, querida...
ResponderExcluirSeus comentários são sempre precisos, no entanto não obstante o passado ser apenas passado, ele deixa raízes
As vezes elas doem.
Bjs