quinta-feira, 9 de julho de 2009
O Camelo Ancorado.
Muito antes de o “ Camelo Ancorado” ser conhecido, tive oportunidade de ler – e me comover- com os originais, manuscritos por uma pessoa, brilhante professor de Português, com quem eu partilhava aulas cotidianas. As dificuldades eram grandes, mas os sonhos maiores ainda.
Em um dia, fui surpreendida pelo “ Camelo”, já timidamente publicado em 1988, e escrevi sobre ele .Hoje, 09/07/2009, encontrei o meu texto . Senti uma brutal saudade de conversar com o Ubaldo e de saber dele.Alguém extremamente suave, doce, gentil. Como é que a gente perde pessoas tão preciosas pelo caminho? Onde ele andará?
Meu caro amigo...
São 16.16 h de uma tarde chuvarenta em 28 de fevereiro de 1996. Venta muito e forte...Reli , pela terceira vez, o seu “ Camelo Ancorado”e permita-me discordar do título.O camelo é solitário, carrega fardos pesados, e você jamais será sozinho com tanta poesia dentro de si.E o que você carrega são sonhos, lembranças, expectativas ( algumas...)que não são fardos,são a essência que o torna tão especial e sensível.
Ancorado? Jamais.você passeia nos seus versos, circula pelo passado, arrisca um futuro e termina em maiúsculas :EXISTO!- presente do indicativo.
Existir pressupõe viver, o que significa “ largar âncoras”, partir, buscar...
Puxa! Que nome eu daria a esse livro?
Talvez “ Um pássaro ensimesmado”? ( o pássaro voa alto e infinito, mas o grande mistério está dentro de si) Que viagem!
Lembrei-me ainda de que “âncora” pressupõe estar preso e um poeta, como você,nunca será assim.A inquietação, a angústia, o questionamento o tornam mutante e ...poeta.
Há tanto vento nos seus textos e ele varre tudo , inclusive a solidão, preparando terreno para semeadura.
São 16.43. A chuva agora é torrencial. Selecionei algumas páginas, marquei-as , mas fica aqui o registro de uma delas :
“ ... agir, fazer, não esperar. Em verdade fazemos o que não devemos, agimos quando não podemos e nunca percebemos a terra pronta.”
Obrigada por partilhar seu “ Camelo” não camelo comigo.
Um abraço carinhoso.
Não sei – há 11 anos- o que é feito desse meu amigo, mas , sem dúvida, foi um presente ter privado do seu convívio , um dia.
09/07/09- manhã lavada de céu e sol.11.06hs
O Camelo Ancorado
Ubaldo Luiz de Oliveira
editora: N/d
ano: 1988
estante: Outros Assuntos
meta-estante: Outros Assuntos
peso: n/d
descrição: poesia
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Oi, Gizelda: passei por aqui por acaso e li suas palavras sobre o prof. Ubaldo, exatamente quando acabei de receber a notícia de sua missa de 7º dia. Fui amigo dele nos anos 60 e 70 e depois disso, a vida nos separou. Sabia-o prof. do Bandeirantes, mas nunca mais o encontrei. Fiquei emocionado com suas palavras sobre ele. E agradeço-lhas por me fazer lembrar um amigo que, embora distante, continuou sempre querido. Obrigado.
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