quarta-feira, 15 de julho de 2009
Férias : encontro de mim comigo-mesma...
Em 03/07 , à noite, quando as pessoas que amo ( neta e filha) foram-se embora, entrei em casa com a sensação de deserto. Não sabia bem o que fazer de mim, e do oco que se me apresentava.
O som da TV, a tela do computador, a noite inteira à minha disposição ( era sexta-feira!)nada era companhia. Tentei dormir, em vão. Como se preenche o vazio ? E com quê? Adormeci pelo cansaço.
Mas...no dia seguinte dei-me conta de uma coisa preciosa –não me lembro de tê-la vivido antes :O MEU TEMPO NÃO TINHA RELÓGIO!
Os dias eram inteirinhos meus,sem fogão, sem planejamento de aulas , sem corrigir redações, sem hora para almoçar , dormir... Podia ir para onde quisesse e quando quisesse. E surpreendentemente sem nada e ninguém pra me dizer o que fazer, quando e como. Em principio, muito esquisito, mas daí a um pouco as férias começaram a me parecer atraentes...muito atraentes.
Passaram-se 12 dias, desde então. E tirando a ausência das pessoas que me completam ( porque em circunstancia alguma se tira férias de alguém que se ama...)foram dias absolutos de encontro de mim comigo-mesma.
Em primeiro lugar, o silêncio. Delicioso silêncio Aquele inefável silêncio que fala mais alto do que qualquer som.E eu não queria falar , nem ouvir.
E depois o depois.
Comer quando -e se -tivesse fome. Levantar-me e sentar-me –sem culpa – diante da TV às 7.30 da manhã para assistir a um cult em branco -e -preto, Crepúsculo dos Deuses ( um clássico de 1900 e nada) e gostar sem remorso;ouvir boleros pela casa e cantarolar Lucho Gatica ( bem desafinadamente...rs)sem que ninguém zombasse do que eu gosto; ler tanto e tanto a ponto de fazer calos nos olhos ( e sem interrupção programada);escrever no blog e nas agendas aos borbotões; dar-me ao luxo de não atender telefone, porque realmente não queria falar com ninguém e por nenhum motivo; sair de casa só para tomar um sorvete ;tomar intermináveis banhos quentinhos , enquanto as vidraças embaçavam;tomar as borbulhas de um vinho Lambrusco bem gelado; assistir ao memorial ao Michael Jackson e chorar de pena dele, porque viveu e morreu sozinho, apesar de sempre acompanhado; chorar durante show do Roberto, ao me dar conta de que ali também estava muito da minha vida ... quanta coisa mais eu fiz por mim e para mim.
Cheguei até a me cadastrar no Twitter ( ora , vejam só...sozinha!!!! sem ajuda de ninguém e entrei em textos lindíssimos de pessoas que tem muito pra dizer). Fala sério! Férias é isso.
Inclusive não arrumei nenhum armário, guarda-roupa, ou qualquer coisa que precisasse de ordem., porque eu precisava era mesmo de desordem exterior e interior para poder me reorganizar.
Amanhã isso acaba. Aliás, só foi bom porque, um dia, acabaria. São as exceções, não as regras, que nos colocam em pauta. Estou com saudades imensas das minhas baixinhas (uma bem altinha, já...) que vou ver amanhã.Elas são o meu porquê.
Ainda haverá dias semi-ociosos, mas quando todos os que conheço e com quem converso ( poucos, acreditem...) contarem sobre suas viagens maravilhosas por esse mundão de Deus, mesmo que eu fique em silêncio, estarei sabendo que fiz a grande viagem. Viajei para fora e para dentro de mim mesma e – o melhor –fiz planos. Planos? Sim, planos...
Onde , hoje, há pássaros, fatalmente , amanhã, haverá vôo!
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"O MEU TEMPO NÃO TINHA RELÓGIO": acho que esse é um dos meus grandes sonhos! hehehe...ando meio de mal com o tempo! mas só pelo simples fato dele passar sem dó nem piedade! mas é como você disse "São as exceções, não as regras, que nos colocam em pauta" talvez se não existisse relógio a gente não se forçaria a dar valor a tudo o que vivemos, a quem conhecemos...porque íamos achar que teríamos todo tempo do mundo e que poderíamos fazer isso qualquer outro dia...que bom que suas férias foram produticas para você e para quem lê aqui também!!! obrigada por ter compartilhado seu tempo e seu encontro com a gente! beijo!!!!
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