domingo, 5 de julho de 2009
Eu quero.
Estou à procura, procura do vento. Porque a minha vontade tem o tamanho de uma lei da terra. Porque a minha força determina a passagem do tempo. Eu quero.
Eu sou capaz de lançar um grito para dentro de mim, que arranca árvores pelas raízes, que explode veias em todos os corpos, que trespassa o mundo. Eu sou capaz de correr através desse grito, à sua velocidade, contra tudo o que se lança para deter-me, contra tudo o que se levanta no meu caminho, contra mim próprio. Eu quero.
Eu sou capaz de expulsar o sol da minha pele, de vendê-lo mais uma vez e sempre. Porque a minha vontade me regenera, faz-me nascer, renascer.
Porque a minha força é imortal."
Cemitério de Pianos, de José Luís Peixoto
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