quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

...éramos dentro da noite uma manhã!





...éramos dentro da noite uma manhã.
Uma manhã assim, quando a gente acorda com vontade de viver e de sonhar.
Temos que fazer dos momentos os motivos
e senti-los em sonhos.

Éramos dentro da noite uma manhã de sol e luz.
Nasciam flores dos sorrisos dos pássaros e não existia mais nada.
Nem as imagens que chegam,nem as que fogem,
Nem a vida lá fora, nem o começo,nem o fim...

( Não se explica como nasce uma flor...Sente-se.
De repente, a dama da noite dança e existe.
Em outro dia, talvez, tenha sumido,
Mas existiu, foi lindo.)
Assim éramos nós.

Contávamos estrelas e nos apoderávamos delas.
Acendíamos lampiões, fazíamos cálculos e
Derrubávamos árvores que não dão flores...
Éramos dentro da noite uma manhã de céu azul.

Tudo pedia conquistas...e elas pareciam tão fáceis!
...a luz baça da lua iluminava com a doçura  de gatinhos dormindo
as diferenças entre nós.
Na periferia dos meus sonhos eu fazia equações impossíveis
Com variável e invariável- justo eu que odeio matemática.
Destruía as pálpebras do mundo que queriam cerrar nossos olhos e
poupavam tigres que comiam as flores nascidas de sorrisos...

Éramos uma manhã dentro da noite escura...
Tínhamos um poder estranho que nos levava a mundos incríveis,
Dormíamos sobre as nuvens e sonhávamos.

Enquanto tudo existia e nada existia
Houve uma manhã dentro da noite...

Só agora vejo quanto o tempo passou.
Sinto-me perdida na claridade do deserto.
Percebo que o oásis onde tudo existe ficou lá
na manhã que fomos dentro da noite.

Sinto a cada instante que gosto mais e mais da manhã que fomos,
E que, nunca mais , voltaremos a ser.

Hoje não há noites nos meus dias
Nem manhãs nas minhas noites.

Estou só.


Gizelda
( noites de sol, lá longe, em outras manhãs...)

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