A morte não é tudo. Não
é o final. Eu somente passei para a sala seguinte. Nada aconteceu. Tudo
permanece exatamente como sempre foi. Eu sou eu, você é você, e a antiga vida
que vivemos tão maravilhosamente juntos permanece intocada, imutável. O que
quer que tenhamos sido um para o outro, ainda somos. Chame-me pelo antigo
apelido familiar. Fale de mim da maneira como sempre fez. Não mude o tom. Não
use nenhum ar solene ou de dor. Ria como sempre o fizemos das piadas que
desfrutamos juntos. Brinque, sorria, pense em mim, reze por mim.
Deixe que
o meu nome seja uma palavra comum em casa, como foi. Faça com que seja falado
sem esforço, sem fantasma ou sombra. A vida continua a ter o significado que
sempre teve. Existe uma continuidade absoluta e inquebrável. O que é esta morte
senão um acidente desprezível? Por que ficarei esquecido se estiver fora do
alcance da visão? Estou simplesmente à sua espera, como num intervalo, bem
próximo, na outra esquina. Está tudo bem.
September(1990)
"Setembro" (Bertrand Brasil, 16a. edição, Tradução de Angela N.Machado, pág. 450).
Rosamunde
Pilcher "Setembro" (Bertrand Brasil, 16a. edição, Tradução de Angela N.Machado, pág. 450).
Contrariando o modo pelo qual eu procuro um livro, conheci Rosamund Pilcher pela capa de "Solstício de Inverno". A atração foi tamanha que não consegui ir-me embora sem ele e , não obstante suas 600 páginas, mergulhei no texto e dei cabo dele em um final de semana.De lá para cá, ela tornou-se assídua no meu mundo.Escreve sobre fatos improváveis de acontecer mas, que seriam maravilhosos se existissem.É um voo de imaginação para o autor e para o leitor que estiver disposto a acompanhá-la. Eu sempre estou...
Obrigada pela sugestão de leitura.
ResponderExcluirUm beijo
Bela descrição da predisposição que a leitura pede e encontra, bom conto sem procurar ser mais que a história que se conta. Encanta! ;) Beijo
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