terça-feira, 14 de junho de 2011
Não precisamos ser onipotentes.
Amadurecer foi retirar os rostos e as peles e começar a ver no espelho o verdadeiro eu - onde se lê uma severa contabilidade dos gastos e lucros, saldos nem sempre tranqüilizadores. Quanto de amargura, quanto de bom humor sobrou, quanta capacidade de se renovar?
Entender que não precisamos ser onipotentes é uma das maiores libertações. Ninguém, homem ou mulher, pai ou mãe, pode ser totalmente responsabilizado pela sorte de ninguém, por seus erros e acertos, por sua solidão ou felicidade - a não ser na medida justa, em que se é responsável por quem se ama, dentro dos limites da capacidade de cada um.
Na maturidade percebe-se que não importa tanto o que fizeram conosco, mas o que fizemos com o que eventualmente nos aconteceu. É uma indagação dramática, que na juventude parece algo a resolver num futuro muito remoto. Mas "de repente, tinham-se passado vinte anos". E nós, e nós? Precisamos descobrir que amadurecer não significa desistir nem estagnar.
Lya Luft in "O Rio do Meio".
Amadurecer , para mim, tem sabor de fruta doce, no ponto, prestes a acabar.Tem milhões de dúvidas e poucas certezas. Experiência nos impede de errar? Não, não mesmo.Viver é um risco diuturno.Constato que se me fosse dado viver novamente, bem possivelmente eu cometeria os mesmos erros, pensando que eram acertos. Apenas, depois de um determinado momento, você se dá ao luxo não se justificar, quer erre ou acerte.A maturidade lhe confere esse direito: não se explicar.
Mas, às vezes, a exiguidade do tempo me deixa melancólica, tenho muito a fazer ainda, apesar de.
Hoje, no entanto, estou me sentindo livre. Eu sei o porquê.Isso significa não desistir, e não estagnar.É o quanto basta.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Excelente texto, querida Gizelda. Hoje está livre.Libertar o nosso eu é optimo. Não é necessário sermos onipotentes. A insatisfação, por vezes, trás a angústia e frustação. Hoje é livre . O primeiro passo...
ResponderExcluirJá tinha saudade de a ler:)
Bjito amigo e uma flor. Continue livre:)
http://coracaoentrepalavras.blogspot.com
Adoro Lya Luft. Ela para a nossa alma, fala de nossa fragilidade, nos confronta com o tempo, com o que vivemos, fizemos, ou deixamos de vive ou fazer. Ela nos convida a nos redescobrir e joga a vida na nossa cara e a gente na cara da vida.
ResponderExcluirBeijos!
Querida tecas...
ResponderExcluirTambém tenho saudades de comentar no seu blog, mas não tenho conseguido. Felizmente, o acesso ainda é possível, assim lê-la continua sendo um prazer.Obrigada pela visita.
Beijos.
Não sei quando amadureci nem isso já me importa. Importa-me, sim, a humanidade dos meus gestos e a responsabilidade que tenho em relação aos que a sociedade oprime e explora enquanto eu assisto sem fazer muito alarido. Custa-me morrer com esta cobardia de falta de alarido e do silêncio de muitos outros. Há crianças com fome, meu Deus,crianças com fome e eu acabei de deitar fome uma travessa de comida. Ai a minha cobardia. Hoje estou assim, mais sem menos, menos, menos e mais covarde sem alarido. E há gente com fome!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirIBEL