Não importa se é bom ou belo, mas sim de onde vem e quanto custa. Este é o paradigma clássico do comportamento consumista de uma sociedade que prioriza o capital. Afinal, dinheiro e luxo – quase – necessariamente casam-se, e o que é genuíno, autêntico, simples, se é barato, é relegado ao descarte.
Assim, a humanidade evolui em tecnologia e ciência, enquanto os seres humanos vão sendo reificados, desqualificando-se .
A pesquisa cênica criada pelo Washington Post demonstrou não apenas o desconhecimento de um talento consagrado,mundialmente, mas a ausência de sensibilidade com que as pessoas conduzem suas vidas no cotidiano. Não enxergam nem o belo gratuito. Somem-se aí as manhãs azuis e ensolaradas, os jardins floridos, a algazarra das crianças em parquinhos, pássaros em vôos livres, o sabor do vento...e tantos mais.
Acostumou-se a valorizar o contexto luxuoso, o invólucro, a embalagem,uma vez que esses colocam o sabor do dinheiro em suas “pobres” vidas.
(Numa experiência inédita, Joshua Bell, um dos mais famosos violinistas do Mundo, tocou incógnito durante 45 minutos, numa estação de metro de Washington, de manhã, em hora de ponta, despertando pouca ou nenhuma atenção. A provocatória iniciativa foi da responsabilidade do jornal 'Washington Post', que pretendeu lançar um debate sobre arte, beleza e contextos. Ninguém reparou também que o violinista tocava com um Stradivarius de 1713 - que vale 3,5 milhões de dólares.
Três dias antes, Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam 100 dólares, mas na estação de metro foi ostensivamente ignorado pela maioria.)
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