quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Feliz Natal!

domingo, 14 de dezembro de 2008

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chega um dia em que já não importa que tudo fique assim. num alpendre de cal sobre uma ravina. por um transtorno do pensamento. tonto. tanto. de tanto que se pensa. e não se diz. e não se faz. monólogos em círculos rápidos. incisivos. espasmódicos. e a invisibilidade das brechas. quando o pensamento não acompanha o passo. o pensamento largo e o passo curto. o espaço entre. a distância volúvel na travessia do medo. a percepção do outro em dimensões absurdas. como se alguém pudesse ser asa plana. ou luz própria de um clarão definitivo. o desacerto a ser só uma breve pausa no cume da respiração. tão imperceptível que só o ar a sustenta. enquanto se força a compreensão e derrete o gelo. e depois a vida. exposta a três dimensões. e eu plana e líquida. a encolher-me para me descolar. mas a vida é uma ravina onde escorrego e me desminto. e assim me adentro como personagem de um filme dramático. ainda tento a reconstituição de um deslumbre. as pequenas e as grandes cenas. nesta minha propensão para desfazer brumas e conspirar cenários. depois subtraio-me à ilusão e fico-me pelo movimento lentíssimo que desenha o dia a preto e branco.
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Lindíssimo ...Maria José Quintela.

in Cem anos de solidão



"O Coronel Aureliano Buendía arranhou durante muitas horas, tentando rompê-la, a dura casca da sua solidão. Os seus únicos momentos felizes, desde a tarde remota em que seu pai o levara para conhecer o gelo, haviam transcorrido na oficina de ourivesaria, onde passava o tempo armando peixinhos de ouro. Tivera que promover 32 guerras, e tivera que violar todos os seus pactos com a morte e fuçar como um porco na estrumeira da glória, para descobrir com quase quarenta anos de atraso os privilégios da simplicidade” (p. 166)

Imperdível...( Garcia Marques ).

"Ler Cem Anos de Solidão é sentir saudade, é contemplar o pôr-do-sol pensando em alguém, desejando seu abraço, seu olhar, o sorriso e ao mesmo tempo, a cada página lida, perceber que o fim está se aproximando, que o alaranjado celestial não é eterno e que aquele olhar/sorriso já não existe mais além da dor da lembrança.

É um livro sobre o tempo, um livro triste que vai rasgando por dentro, sereno, como se fosse um amor que estivesse acabando e nada mais se pudesse fazer além de esperar o fim.

"Gabriel García Márquez brinca com o tempo, transita no presente, vai pro futuro, volta pro passado… tudo numa naturalidade que não fragmenta, nem impede o fluxo da história. O melhor de tudo é que Gabriel García Márquez faz isso com simplicidade, deixando a impressão de que até parece ser fácil." by Thiago Corrêa

sábado, 13 de dezembro de 2008

Chegando de mansinho...



Aos poucos a paisagem foi se transformando...dias quentes e ensolarados tingem-se de vermelho, ouro e verde, pessoas agitadas circulam entre os carros, as lojas transbordam brinquedos pelas calçadas, a esperança paira no ar...

E às noites, luzes faiscantes tingem a cidade, onde todos se esforçam para serem felizes com pouco dinheiro e muitos sonhos...

Hummm...cheiro macio de pinheiros exalam lembranças da minha infância.Saudade.

Chegou Natal!Lindo...tão triste!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

AUSÊNCIA.



Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade