domingo, 8 de julho de 2012

Todos os homens estão sós.



“A solidão, o sentir-se e saber-se só, desligado do mundo e alheio a si mesmo, separado de si, não é característica exclusiva do mexicano. Todos os homens, em algum momento da vida sentem-se sozinhos; e mais: todos os homens estão sós. Viver é nos separarmos do que fomos para nos adentrarmos no que vamos ser, futuro sempre estranho. A solidão é a profundeza última da condição humana. 


O homem é o único ser que sente só e o único que é busca de outro. Sua natureza – se é que podemos falar em natureza para nos referirmos ao homem, exatamente o ser que se inventou a si mesmo quando disse “não” à natureza – consiste num aspirar a se realizar em outro. O homem é nostalgia e busca de comunhão. Por isso, cada vez que sente a si mesmo, sente-se como carência do outro, como solidão”.

Assim, sentir-se só possui um duplo significado: por um lado, consiste em ter consciência de si; por outro, um desejo de sair de si. A solidão, que é a própria condição de nossa vida, surge para nós como uma prova e uma purgação, no fim da qual a instabilidade e a angústia desaparecerão. A plenitude, a reunião, que é repouso e felicidade, e a concordância com o mundo, nos esperam no fim do labirinto da solidão ."

Otávio Paz.

A solidão, aquela sensação ruim de ser incompreendido, de não poder contar com ninguém, de estar sozinho no mundo, pode causar mais males à saúde do que a obesidade e o tabagismo, tradicionalmente ligados a problemas cardíacos e cânceres, entre diversos outros problemas.
 http://oglobo.globo.com/saude/solidao-pode-causar-mais-males-saude-que-obesidade-tabagismo-2805007#ixzz203lwLpk4 

Será?!!!!!!! 


Talvez solidão seja mais que não ter companhia física, palpável. Seja, sim, viver apartado de si próprio, sem conexão com o próprio "eu". Não ter autoestima é uma das piores formas de solidão (acho...)

2 comentários:

  1. Tudo muito complexo, estar SÓ de si ou SÓ acompanhado.Realmente a alto estima é muito importante. Estou de acordo com voce Gizelda, Bjks

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  2. Este texto veio a propósito, porque, neste exato momento em que escrevo, sinto muito só. Não aquela solidão costumeira, que me aconchega e que dorme em minha alma todas as noites. Mas uma solidão decorrente da convicção de que viver na contramão tem um custo muito alto. Talvez, amiga, seja este estado quase gripal em que me encontro (um resfriado, me parece). Por isso mesmo, esse dissabor na boca, essa expressão amarga da alma. Tenho perdido o sono, na madrugada. E minha mente se enche de pensamentos. Alguns ligados às incumbências do cotidiano; outros mais profundos e inquietantes. A vida não me escapa aos pensamentos. Há uma solidão da qual nunca me livrarei, porque hospedeou-se em mim nos primeiros dias de meu nascimento. Tempos mantenho enterrados no abismo do inconsciente. Alegro-me em perceber que em face da vida assumi uma atitudade de coragem, coragem para suportá-la. Reconciliei-me com ela. E você, que me acompanha há tempo, sabe bem disso. Meus escritos o demonstram. Para reconciliar-me, precisei romper com uma tradição. Tornei-me ateu (porque já o era desde que cheguei a esse mundo)e chego aos trinta anos com uma maturidade emocional que desconhecia. O ultra-romântico, a cujo sofrimento e desalento erigia versos, jaz sob os versos que ficaram... Não ponho sobre o amor ideais, que pesam. Vivo-o como deve ser: frágil e finito. Mas, ainda assim, não encontro algo maior do que ele. O amor dos seres humanos (e dos animais que domesticamos e amamos, este, por sinal, desinteressado, o mais sincero). Digo, o amor dos seres humanos é o único amor que podemos experimentar. Perfeição é clichê, ilusão da esperança. Não tenho esperança. Me desespero, vivo o desespero visceral de uma existência que se sabe finita. É por causa desse desespero que atuo, que vivo intensamente. Não carece falar de meu passado recente. Descobri ser ela o maior valor que possuímos. Possuímos a vida e isso é já um poder grandioso. Se ser solitário, como você define, é ser apartado de si mesmo, então não sou solitário, porque não há nada em mim que me seja estranho. E escrevo para reconhecer-me, para escrever-me. A escrita é meu poder sobre mim mesmo, o meio de que me sirvo para ter acesso a mim mesmo, para não viver jamais apartado de mim. Queria que as pessoas descobrissem que ler e escrever são formas saudáveis de que podemos nos servir para nunca nos sentir sós. Quero poder tornar acessível esse poder aos estudantes a quem ainda ensinarei... É a isso que chamo de "compromisso vital". Quando nascemos, quando somos arremessados à existência (contingente), somos instados pela vida a nos comprometer com ela... Eis-me aqui celebrando esse compromisso na solidão do meu dia-a-dia... da minha solidão, que não compartilho senão com quem reconhece nela uma forma de encontro, de convívio, de conciliação...

    Beijos carinhosos!
    Adorei o texto!

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