sexta-feira, 20 de abril de 2012

A subterrânea inquietação da alma.


A árvore da vida , 1909, Friso Stoclet


“Em todos nós, no mais profundo da alma, há uma subterrânea inquietação, o desejo daquilo que parece sempre escapar-nos, a dor por qualquer coisa que não sabemos bem o que seja.

Até quando estamos apaixonados e somos correspondidos, no momento em que nos vamos embora ou o nosso amado parte, mesmo numa separação breve, aquele sofrimento profundo reaparece. Por vezes reaparece até num momento de felicidade porque aquela felicidade se nos revela fugaz.

Nós olhamos para o céu, um pequeno pedaço de céu azul, como que para concentrar nele toda a nossa felicidade e sentimos tristeza porque poderemos recordar aquele céu mas não podemos prolongar esse instante. Experimentamos este sofrimento à noite, sem motivo, de manhã ao acordar sem saber porquê.

A nossa alma está construída para desejar algo absoluto e, portanto, inefável e inacessível. Quando estamos ocupados não nos apercebemos disso (…) mas toda a nossa vontade está orientada para a meta e é ela que se ilumina com aquilo que procuramos sempre…”



Francesco Alberoni in “A árvore da vida”


Talvez seja esse o nosso destino : procurar infinitamente algo que não sabemos o que é. No cotidiano nos deparamos com " pequenas felicidades certas", que não nos satisfazem, porque passamos a vida em busca da grande felicidade.E, se ela surge ,não sabemos reconhecê-la.


A alma deseja o absoluto... e, por falta dele, permanece vazia.


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