sábado, 28 de janeiro de 2012

Éramos uma manhã...




...éramos dentro da noite uma manhã.
Uma manhã assim, quando a gente acorda com vontade de viver e de sonhar.
Temos que fazer dos momentos os motivos
e senti-los em sonhos.

Éramos dentro da noite uma manhã de sol e luz.
Nasciam flores dos sorrisos dos pássaros e não existia mais nada.
Nem as imagens que chegam,nem as que fogem,
Nem a vida lá fora, nem o começo,nem o fim...

( Não se explica como nasce uma flor...Sente-se.
De repente, a dama da noite dança e existe.
Em outro dia, talvez, tenha sumido,
Mas existiu, foi lindo.)
Assim éramos nós.

Contávamos estrelas e nos apoderávamos delas.
Acendíamos lampiões, fazíamos cálculos e
Derrubávamos árvores que não dão flores...
Éramos dentro da noite uma manhã de céu azul.

Tudo pedia conquistas...e elas pareciam tão fáceis!
...a luz baça da lua iluminava com a doçura  de gatinhos dormindo
as diferenças entre nós.
Na periferia dos meus sonhos eu fazia equações impossíveis
Com variável e invariável- justo eu que odeio matemática.
Destruía as pálpebras do mundo que queriam cerrar nossos olhos e
poupavam tigres que comiam as flores nascidas de sorrisos...

Éramos uma manhã dentro da noite escura...
Tínhamos um poder estranho que nos levava a mundos incríveis,
Dormíamos sobre as nuvens e sonhávamos.

Enquanto tudo existia e nada existia
Houve uma manhã dentro da noite...

Só agora vejo quanto o tempo passou.
Sinto-me perdida na claridade do deserto.
Percebo que o oásis onde tudo existe ficou lá
na manhã que fomos dentro da noite.

Sinto a cada instante que gosto mais e mais da manhã que fomos,
E que, nunca mais , voltaremos a ser.

Hoje não há noites nos meus dias
Nem manhãs nas minhas noites.

Estou só.


Gizelda
( noites de sol, lá longe, em outras manhãs...)

domingo, 22 de janeiro de 2012

O fim da viagem é apenas o começo da outra.






A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:
“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. 
É preciso recomeçar a viagem. Sempre..."


In Viagem a Portugal, de José Saramago ( eterno,felizmente.)




Quando não há mais o que ver é que a vida começa. E com ela, a pluralidade de encontros e as surpresas.

sábado, 21 de janeiro de 2012

O amor SEMPRE acaba.


O amor acaba
Por Paulo Mendes Campos


O amor acaba.
 Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

Texto extraído do livro "O amor acaba", Editora Civilização Brasileira



Triste  constatação.
Nada e ninguém é capaz de reter o amor.É uma gigantesca onda que vem, mas vai-se em seguida...em nossas mãos resta a areia, apenas.






sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Como aliviar a dor do que não foi vivido?




Definitivo, como tudo o que é simples.


Nossa dor não advém das coisas vividas,mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.


Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.


Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.


Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.


Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada em nos compreender.


Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.


Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.


Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!!


A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que,
esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.


A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.


Carlos Drumond de Andrade




Parece tão fácil evitar o sofrimento...Drummond tem essa leveza , quando escreve.Faz com que se tenha a impressão de que  é possível viver as adversidades sem sofrer. Iludindo-nos menos e vivendo mais?!!!
Esqueceu-se de nos fornecer a receita : como????


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O amor comeu minha paz e minha guerra.




OS TRÊS MAL-AMADOS. 
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome. O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos. O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina. O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos. Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina. O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água. O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome. O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel. O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés.  Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso. O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala. O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.


 JOÃO CABRAL DE MELO NETO.


Sem palavras.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Perguntas. E as respostas?



O ciclo infinito de ideias e ação,
Infinita experiência, infinita invenção,
Traz o saber do movimento, mas não da paz...
Onde está a vida que perdemos vivendo?
Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento?
Onde está o conhecimento que perdemos na informação?


T.S.Eliot (1888-1965), poeta

As respostas esperam as perguntas certas. E nós não sabemos fazê-las...(eu!)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Escolher é sempre!



O que é que se faz, quando se sabe que é preciso mudar e o caminho se bifurca? Quando o futuro é uma incógnita e o presente, insatisfatório?
Parece fácil. Não é.
Os caminhos existem . É só escolher. Mas ambos trazem  conseqüências e, definitivamente, nunca aprendi a ser minha prioridade. Desde que me conheço ( será????) tenho priorizado os demais em detrimento de mim mesma.
Estou  flutuando entre duas sensações que colocam minha alma em alerta: dúvida e medo.
Não sei quantas escolhas já fiz, e não me cabe julgar agora se foram ou não acertadas, quando aconteceram. Eu as fiz e arquei com sucessos e frustrações pertinentes a todas elas , porque , afinal, viver é isso: ARRISCAR-SE.
Não há estradas lineares, há curvas, buracos , pedras, sobressaltos, surpresas.  Qualquer que seja a opção, há um preço a pagar e o cacife não é só dinheiro, é  desilusão de chegar a algo de que tentou-se desviar.  Prêmio, quando - e se – houver é apenas um dos lances da aventura.

O tempo e a idade, no entanto, me têm feito mais cautelosa, mesmo que o espírito aventureiro teime em se manifestar. Deveria ter mais paciência, virtude que nunca tive, nem aprendi.É tão simples acomodar-se, deixar de lado essa adrenalina que – em ondas- acelera meu coração diante de um impasse, para aceitar o obvio à minha frente.
Porém, acomodar-me é entregar os pontos, é dar à vida as rédeas do meu destino. Talvez, no momento em que o fizer, eu esteja desistindo, uma maneira triste de  deixar de existir. Não quero isso, AINDA.
Definitivamente, não posso me entregar . Enquanto houver horizonte, cabe-me o direito e o poder de  escolher o caminho. Principalmente, agora, que aprendi a duras penas que felicidade - pelo menos, para mim - é, sobretudo, paz.

E volto ao  início do texto : os caminhos existem. Ambos são viáveis, mas só posso trilhar um.
QUAL?????

domingo, 8 de janeiro de 2012

Cumplicidade.

                                                                                     GeraldoCasado

Casamento

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como ‘este foi difícil’
‘prateou no ar dando rabanadas’
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.




Ensinamento


Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.

Adélia Prado.


Nem véu, nem grinalda...o casamento se faz de amor e cumplicidade.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Uma crônica à luz do tempo...




Hoje, 6 de janeiro, enfim, férias.
O meu óbvio quando isso acontece é limpeza e arrumação. É preciso colocar a casa em ordem, para , em seguida,organizar a vida. Não se discute que seria  adorável Paris ou Londres, mas o meu universo não me permite isso nem em divagações.
Bem, como temos que começar por algum lugar, por que não por muitas e muitas prateleiras de livros? Há sempre a chance de unir o prazer ao esforço...

Depois de alguns locais recônditos , onde dormem livros há muito manuseados, tomo às mãos um exemplar de capa colorida que faria o deleite  de muitos adolescentes :pornografia e  lesbianismo. O que ISSO estaria fazendo aqui? Lembro-me , então, não é um exemplar. São dois. Ambos com dedicatória e autografados pela autora.
O tempo borbulha em minha  memória e me leva a parar tudo, sentar-me diante dessa telinha e transcrever  uma situação, no mínimo, constrangedora, vivida por mim em um curso supletivo, São Paulo, capital, em  1970. 40 anos se foram e as imagens fluem diante de mim com uma clareza contundente. Eu tinha, então, 25, era uma jovem advogada em um escritório de Direito do Trabalho( durante o dia) e“aprendiz” de professora à noite.

Redação e Literatura eram as disciplinas que eu acumulara naquele ano. Os fins de semana , eu os passava estudando muito, e me deslumbrava  com os meandros da Língua Portuguesa, aliás, o mesmo que ainda faço. Desde sempre, assim que comecei a ler os clássicos, embora seja amante de todos, tenho um especial : Machado de Assis. Independente da elegância e do estilo precioso, a história dele me motiva e me encanta. E me comprazia em sala de aula, não só a exaltá-lo, mas a criticar a leitura de obras rasteiras que o público adquiria e que, segundo minhas exatas- e imprudentes- palavras , mereciam o lixo. Não raro, minha arrogância ( ah! juventude sem medida!)citava alguns nomes que eu execrava.

Mas, como sempre gostei de estar em sala de aula, e relacionava-me bem com os alunos , para incentivá-los, criei um mural, no qual postava a melhor redação da semana, depois de elogiá-la. Em um dia qualquer, a escolhida  trazia um letra miúda e bonita, e abaixo assinava O. Rios. E foi , então, que conheci Odete, uma jovem senhora ( tinha quase o dobro da minha idade) sorridente,simpática, loira oxigenada, que se apresentou. E não é só, tem mais...
Essa mulher era famosíssima,  Cassandra Rios, a autora que mais vendia livros na época e que, por não ter escolaridade, ali estava atrás de um diploma. Se eu havia citado seus livros como lixo? Sim...mais de uma vez. Constrangimento, vergonha, justificativas, nada adiantou. E  ainda fui presenteada com dois exemplares autografados : “ A Paranóica” e “Macária”. Apesar das dedicatórias elogiosas, as obras me queimavam as mãos. Era como se carregar esses livros fosse algo escandalosos. E era.
Se eu os li? Sim...mais de uma vez. Ela ousou falar em uma linguagem absolutamente crua, com incorreções gramaticais, claro, da sensualidade, do erotismo, do homossexualismo,sem qualquer inibição.

Esses livros ficaram escondidos das minhas filhas durante  todo esse tempo, assim como essa história que me ensinou – levemente, pois isso só se aprende com o tempo- a ser mais comedida.
E como essa ,há muitas história tristes, saborosas,divertidas na minha vida.Há muitos profissionais bem sucedidos e famosos, celebridades televisivas, e outras de quem tenho histórias partilhadas para contar. Mas, estão vivos, vivíssimos, na mídia, e não me cabe desnudá-los aqui.

 Minha filha tem razão... eu poderia escrever um livro!
  
Acreditem...eu fiz parte dessa história.

         Morre em SP a escritora Cassandra Rios

São Paulo - Morreu no dia 08/03/2002 em São Paulo, no hospital Santa Helena, a escritora Cassandra Rios, autora de "A Tara" e "Tessa, a Gata", entre outros. Nascida em 1932 com o nome de Odete Rios, ela foi uma das autoras mais vendidas dos anos 60 e 70 - e também das mais perseguidas pela censura. Estreou com "Volúpia do Pecado" (1948) e foi um sucesso popular com incontáveis livros, ao lado da também considerada pornógrafa Adelaide Carraro (autora de "Adelaide no Mundo com Sílvio Santos").
Chegou a vender quase trezentos mil exemplares de seus livros por ano, números que só seriam rivalizados por Paulo Coelho. Misturava em suas obras homossexualismo feminino, cultos umbandistas, negócios e política, combinação que não respeitava o "bom gosto" que o regime militar desejava preservar. Com a abertura, um de seus livros, "A Paranóica", foi adaptado para o cinema, com título de "Ariella". Ariella (Nicole Puzzi) era uma menina rejeitada que vivia numa mansão e que descobre que seu tio fingia ser seu pai para ficar com sua fortuna. Para se vingar, passa a usar o próprio corpo, desintegrando a família.
Cassandra queixava-se de confundirem suas obras com sua vida. Numa entrevista recente à revista TPM, afirmou: "O que mais me incomodou foi me encararem como personagem de livro. Então, não tenho capacidade para ser escritora?!". Cassandra foi enterrada no cemitério de Santo Amaro (SP).

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido.



Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que o que mais queremos é tirar esta pessoa de nossos sonhos e abraçá-la.


Sonhe com aquilo que você quiser. Vá para onde você queira ir. Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz.


As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam. Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.


O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido. Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar, duram uma eternidade. 


A vida não é de se brincar porque em pleno dia se morre. 




Clarice Lispector...uma chave de ouro para abrir 2012.
...  se houver uma felicidade racional , ela é ter a oportunidade de ler textos como esse.