quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Para sempre...


Minha querida Titi...

Um ano sem você, sem sua cumplicidade, sem seus afagos, sem seus olhinhos brilhando, sem que haja atrás da porta alguém que me ame profundamente, mesmo que eu não mereça...

Sua ternura inundou a minha vida de abnegação e companheirismo.Você se foi, mas sua imagem me olha de todos os cantos da casa.

Esteja onde estiver, saiba que continuo a te amar .

Para sempre.

sábado, 19 de novembro de 2011

A alma pode sorrir.



Quando acordo em um fim de semana - como hoje - e olho através do céu azul e perfumado, a brisa fresca desafiando o dourado do sol, sinto que meu momento é aqui e agora. Dezembro está quase aí.

Recuso-me a ir aquém ou além para saborear o que sou, em que me tornei, das minhas opções e escolhas, e sei, com toda certeza possível, que há muito a fazer e conquistar e não tenho tempo suficiente  ( nem idade...) para ousada busca.

Nem de longe a vida se comportou de acordo com o que planejei  e  até agora não descobri se a conduzi ou fui conduzida por ela. Mas o que importa? O resultado é o sou e  o que tenho.

Sei também que, quando esse ímpeto cessar , terei desistido de viver. E nem de longe quero me tornar uma morta-viva.

Em minha casa, as caixas de bolas vermelhas saem dos maleiros, os tons de prata, o cheiro da tuia ainda tenra, tudo começa a tomar a cor do Natal. E o cheiro. E o clima. Não é a data, mas o envolvimento com o burburinho que me seduz. E o antes.

O  som é de Michael Bublé... e sinto um imenso prazer de estar viva . Minha alma sorri.Apesar de.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Da queda nasce a ascensão.



(…) A perda das forças não esgota a vontade. Crer é apenas a segunda potência; a primeira é querer; as montanhas proverbiais que a fé transporta nada valem ao lado do que a vontade produz.” 


(…) Não deixar discutir a consciência, nem desarmar a vontade, é assim que se obtêm o sofrimento e o triunfo. Na ordem dos fatos morais o cair não exclui o pairar. Da queda sai a ascensão. Os medíocres deixam-se perder pelo obstáculo especioso; não assim os fortes. Parecer é o talvez dos fortes, conquistar é a certeza deles.


Os Trabalhadores do Mar (excertos)- Victor Hugo

domingo, 13 de novembro de 2011

Estrelas, estrelas,rezo.




Por que surgem em mim
essas sedes estranhas? A chuva e as estrelas, essa mistura
fria e densa me acordou, 
abriu as portas de meu bosque verde e sombrio, 
desse bosque
com cheiro de abismo onde
corre água. E uniu-o à noite.
Aqui, junto à janela, o ar é mais calmo.
 Estrelas, estrelas, rezo. 
A palavra estala entre meus dentes em estilhaços
frágeis. Porque não vem a chuva dentro de mim, eu quero
ser estrela. Purificai-me um pouco e terei a massa desses
seres que se guardam atrás da chuva.


Clarice Lispector in  Perto do Coração Selvagem.


Sem palavras.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Um amor precisa de espaço para voar.



Uma casa deve ter varandas para sonhar, 
cantos para chorar, 
quartos para os segredos e a ambivalência. 


Um amor precisa espaço de voar,
liberdade para querer ficar, 
alegria 
e algum desassossego contra o tédio. 
Não se esqueçam os danos a cobrir, o medo de partir, e o dom de surpreender - que é a sua essência.


Lya Luft


Liberdade para querer ficar e o medo de partir...difícil , muito difícil,talvez por isso  o amor verdadeiro só se completa dentro de nós.O outro é a borboleta a bater asas.

domingo, 6 de novembro de 2011

Não como quem sonha, mas como quem vê.



Voltei pela mesma estrada poeirenta por onde sai , um dia...Um atalho verde-sujo de canaviais- onde estão os cafezais da minha infância?-são pontilhados por árvores deslumbrantemente avermelhadas.

A cidadezinha - ontem e sempre - começa pelo cemitério. Estranho e familiar.Estaciono o carro debaixo de frondosos flamboyants floridos que me cobrem do sol quente.Atrás dos muros , meu pai, avós, tios , amigos...um pedaço grande da minha história.

Hesito.Não vou entrar.Guardo-me e guardo-os. Eles não estão ali. Só eu estou.

Viro-me antes que alguém me reconheça-será?-dobro à esquerda no que deveria ser um lugar familiar.Não é mais. A ruazinha acanhada , hoje uma avenida, e as poucas pessoas pelas quais passo me são estranhas, não as reconheço, assim como elas não sabem de mim.

Ecos de um tempo distante me angustiam.Vejo além. São minhas raízes enterradas no tempo.Gostaria enormemente de não estar ali.Melhor a lembrança do que a constatação.

Tomo de volta a mesma estrada, não como quem sonha, mas como quem vê.

A cidade é, ainda hoje, minha raiz,mas deixo-a para trás e entro em casa com o desalento de quem tem certeza de que o tempo-ontem se foi.


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O desassossego é amarelo.



"Busco-me e não me encontro. Pertenço a horas crisântemos, nítidas em alongamentos de jarros. Devo fazer da minha alma uma coisa decorativa"


Livro do Desassossego - Bernardo Soares.


...sempre ele a bafejar lufadas de brisa fresca no que fui, no que sou e no que ainda quero ser.