quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Nó.



Estou perdidamente emaranhada
em seus fios de delícias e doçuras.
Já não encontro o começo da meada,
não sei nem mesmo
se há uma ponta de saída,
ou se a loucura
vai num ritmo crescente
até subjugar a minha vida.
Não importa.
Quero seus nós de seda
cada vez mais cegos e apertados
a me costurar nas malhas e nos pêlos.
Enquanto você me amarra,
permanece atado
na própria trama redonda do novelo.

Amor a céu aberto, Editora Nova Fronteira, 1992
Flora Figueiredo

Na trama da vida somos nó,não sabemos onde tudo começa, nem como vai acabar.Ou onde.
O difícil é desatar das crenças, convicções , expectativas que nos enovelam e deslizar vagarosa e levemente até o fim.
Mas, como?

2 comentários:

  1. Essa é uma ótima pergunta, querida amiga. Suspeito que uma resposta possa ser a busca por harmonizar a razão e a espiritualidade. E aqui gostaria de esclarecer o conceito de espiritualidade, que não se confunde com fé, e que é herança da sabedoria mística. Vou citar Sam Harris, em "A morte da Fé":

    "A noção do "eu" parece ser um produto do cérebro representando seus próprios atos de representação; a ação de ver o mundo gera uma imagem de alguém que vê. É importante perceber que essa sensação - a sensação que cada um de nós tem de estar se apropriando, não simplesmente sendo uma esfera da experiência- não é uma faceta necessária para a consciência. Afinal, é concebível que uma criatura possa formar uma representação do mundo sem formar uma representação de si mesma no mundo. E, de fato, muitos que se dedicam a práticas espirituais afirmam que vivenciam o mundo exatamente dessa forma, perfeitamente insentos do "eu""
    (p. 247)

    Suprimir o "eu" é fazer cessar a relação sujeito-objeto, relação que se encontra no cerne da consciência. É possibilitar a experiência do todo, sem a percepção de que existe um conhecedor (eu) e um objeto conhecido (mundo.

    Segundo Harris, "quase todos os nossos problemas podem ser atribuídos ao fato de que o ser humano é profundamente iludido pela sensação de ser separado".
    (p. 249)

    Está aí um caminho por onde trilhar seus pensamentos acerca da sua questão...

    Beijos carinhosos!

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  2. Querido Bruno...
    se eu me sentia um nó, agora você apertou o laço : sou dois!

    " no meio do caminho tinha uma pedra,
    tinha uma pedra no meio do caminho."

    beijos e obrigada por sempre estar presente.

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