sábado, 28 de maio de 2011

Um passado de amor pode ser insuperável.


Durante sete anos , separados pelo destino, amaram-se a distância. Sem que um soubesse o paradeiro do outro, procuravam-se através dos continentes, cruzavam pontes e oceanos, vasculhavam vielas, indagavam. Bússola de longa busca, levavam a lembrança de um rosto sempre mutante, em que o desejo, incessantemente, redesenhava os traços apagados pelo tempo.
Já quase nada havia em comum entre aqueles rostos e a realidade, quando enfim, num praça se encontraram. Juntos, podiam agora viver a vida com que sempre haviam sonhado.Porém cedo descobriram que a força do seu passado amor era insuperável.
Depois de tantos anos de afastamento, não podiam viver senão separados, apaixonadamente desejando-se. E, entre risos e lágrimas, despediram-se, indo morar em cidades distantes.

Marina Colasanti

Sem palavras. Só saudades.

7 comentários:

  1. A amor requer presença; a distância para o amor só serve senão para criar imagens, impressões, pálidas ideias daquilo que um dia acreditávamos poder chamar de amor. Tal é o caso do erroneamente chamado "amor platônico",que só se conserva na impossibilidade, no vácuo do desejo, na distância. A presença basta para revelar-lhe a fragilidade e o seu absurdo.

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  2. Bruno...
    Adoro vc, seu blog é inacreditável e seus comentários são muito profundos e pertinentes sempre, mas...
    vou discordar. Acho que amor não tem tempo, quando é para valer.Presente, passado e futuro são só artifícios criados pelo homem para viver em comunidades e se organizar.Coexistem , por isso, nesse momento o que houve continua havendo e o que vai haver também está acontecendo.
    Amor é algo mais , tão etéreo , tão impalpável e, ao mesmo tempo, tão sólido, que permanece apesar de.
    Distância não existe, amor não é ver o ser amado, é senti-lo e isso é "dentro". Essa é minha opinião, claro, o que não quer dizer que esteja correta para todos.Para mim, sim.
    Beijo

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  3. Olha, então não era AMOR...
    pois para o AMOR não há medidas, distâncias...
    O amor tudo transpõe...
    Lindo texto...
    Perdi-me na imagem...
    Caminhei... flutuei...
    Abraços

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  4. ...porque eles ficaram presos ao que tinham sido e não ao que eram no momento do reencontro...há amores assim, que não acompanham o crescimento individual de cada um dos amantes enquanto separados, não deixando contudo de se amarem e desejarem...
    beijo

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  5. Lindo Gi. Um belo amor do passado, interrompido por particularidades do destino, pode nos remeter a boas recordações, nos fazendo fantasiar quão belo seria se estivesse aqui no nosso presente. Há coisas, no entanto, que no passado devem permanecer para belas continuarem a ser.

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  6. Gizelda,
    Olhamos para as coisas da vida e, gesto instintivo, temos necessidade de catalogar, de arrumar conceitos na nossa gaveta arquivadora, o cérebro. Mas - grave lacuna - vemos tudo à nossa imagem e semelhança, e temos tendência a esquecer que não somos o centro do universo, muito pelo contrário.
    Vem tudo isto a propósito da nossa necessidade de catalogar o amor, de definir o que é e o que não é. para evitar que me alongue muito, digo-lhe que gostei muito da resposta que deu ao comentário do Bruno. Muito mesmo.

    Beijo :)

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  7. Gizelda,

    Achei muito curioso este relato de um amor que se realiza na saudade. E só na saudade.

    Um beijinho

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