quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Absoluto vazio existencial.


Há alguns dias ( ou seriam meses?...) tenho estado silenciosa. Desencantada? Caustica? Crítica? Talvez, esse silêncio me faça enxergar mais do que quero ver. Não sei...

Olho à minha volta e não gosto do que me circunda, nem do que sinto. Fazer parte da superficialidade com que se estabelecem as relações pessoais próximas e distantes está me deixando fragilizada. Há algum tempo estou me sentindo inadequada sem conseguir descobrir em relação a quê. Não consigo existir assim. Preciso de profundidade.
De pé no chão.
De base.
Sinto enorme falta de olhos nos olhos, de emoção do abraço apertado, de sorriso prazeroso de encontros e reencontros, de amenidade gostosa do bem-querer descompromissado e gratuito saboreado ao largo de uma xícara de café, de camaradagem profissional. Falta de simplesmente me deixar ser e entrar no ritmo da vida.
Onde estão a verdade,
o afeto,
a lealdade,
a alegria pura de ser o que se é,
sem cobranças , sem parâmetros de comparação e sem culpas?
Em um cotidiano sem tréguas, feroz e competitivo, o mundo caminha por uma trilha onde sucesso é sinônimo de prioridades materiais e prestígio público. Uma indizível solidão salta dos olhos das pessoas que já não se fitam , nem se amam.Não se importam...
afinal poder tem sido melhor do que ser.

Absoluto vazio existencial.

Ter consciência disso , fazer parte disso , é, como diria Clarice Lispector,“uma lucidez perigosa”.O que fazer com essa certeza?
Definitivamente não quero isso para mim...Talvez me faltem - ainda- coragem e ousadia para quebrar o faz-de-conta e ser sozinha mesmo, porque é assim que vou estar, quando ousar ser alguém e não algo.
Mas, então,pode ser esse o meu alumbramento : encontrar a mim mesma para ser minha companhia!

19 comentários:

  1. Querida Gi, é exatamente isso. Eu nunca conseguiria expor tão precisamente o que minh'alma grita há vários anos. E se é assim mesmo, resta-me aguardar um texto seu que fale como mergulhar fundo em mim mesma e gostar da companhia que posso me conceder... difícil demais existir .... ou melhor, existir apenas é fácil, viver é "dangerosíssimo"... Um vinho agora ia muito bem .... mas como não há, bebo cada linha que escreveu... trezentas vezes e terei aceito minha condição de guerreira e abandono de vez as lágrimas... quem sabe...
    Ah, mulher, vc é a pessoa mais incrível desta Terra. Que Deus a proteja !
    beijos a vc , minha amiga.

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  2. Olá, Gizelda!
    Embora passe por aqui regularmente, lendo cada post com a reverência devida a quem faz questão de estar nas coisas com com total dignidade, já há muito que não me sentava para dizer duas ou três palavras. E hoje, a fruir, deste lado do Atlântico, um suave outono, as coisas proporcionaram-se.
    O seu olhar lúcido, envolvente, um tanto ou quanto desencantado, não surpreende. É, aliás, o olhar de muitos, que rejeitam um tipo de vida em que o "olhos nos olhos" tem cada vez menos espaço. Fruto do tempo, dirão uns. Então, há que cultivar a diferença, dirão outros. E é nesse insurgir, como o seu, que me revejo. E rebusco, e grito, e canto...
    Não veja a minha ausência por aqui como um abandono. Isso, nunca! Vou passando por aqui, com regularidade e carinho, mas tão silenciosamente que nem deixo marca. Mas hoje deixo, ao mesmo tempo que faço questão de lhe agradecer a constante lucidez.
    Obrigado, Gizelda!

    Beijo :)

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  3. Querida Thaís...

    Infelizmente tenho períodos de crise existencial , e fico me perguntando : será que viver assim vale a pena?...É como se houvesse uma névoa que impedisse os raios do sol, uma paisagem insossa.
    Entretanto há uma coisa que para mim é exígua e para você ainda há muito pela frente :tempo.talvez esteja aí o fato de querer ver a vida tomar o rumo que desejo.

    beijos.E , sem dúvida, você é uma companhia maravilhosa para mim, imagine então para você mesma!!!!!

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  4. Querido AC...

    Também passo pelo Interioridades, frequentemente...mesmo que não escreva , é imperioso ler seus textos de uma poesia sutil e densa.

    O fato de você estar aqui, em qualquer tempo e a qualquer hora, só me dá prazer.Amigos o são sempre, mesmo na ausência ,seja porque motivo for, porque a gente sabe que eles estão logo ali.E, se me permite, é assim que o vejo : um amigo querido.

    beijos. E obrigada pela visita.

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  5. Gizelda,
    Como este texto falou por mim. Ado assim também-uma poltrona vazia, com outra ao lado do silêncio, duas ilustres desconhecidas de costas viradas uma para a outra.Penso que a idade deixa as cadeiras cheias de pó. Curiosamente, a sua janela trouxe-me um abraço de distância e, sem nos conhecermos, partilho a minha intimidade.A era das máquinas, com algumas das suas vantagens.Amigos tirando o pó a cadeiras vazias...
    Veja se consegue sentir o meu abraço. Vá lá!!!

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  6. Querida Ibel...

    mais que seu abraço, senti sua cumplicidade. Será mesmo que a idade é responsável pela lucidez,ou a vida mudou para pior?

    Sei lá, minha amiga, só sei que você encontrou a metáfora perfeira:poltrona vazia cheia de pó. O é que se faz para espanar esse´pó e voltar a preenchê-la?

    Obrigada pelas palavras e , sobretudo, por sua presença.
    beijo.

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  7. coragem e ousadia" quem não se arrisca nunca conquista nada ; " eu presciso ser alguem e deuxar de ser algo =/

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  8. Minha Querida
    Há momentos na nossa vida em que nos parece que entramos num verdadeiro deserto... Somos atacadas pelo desânimo, pelo desencanto e pensamos que nada mais faz sentido! Interrogamo-nos: Que temos feito das nossas vidas? No espaço e no tempo em que vivemos lutamos por tanta coisa...Nunca queremos ser menos assim, nunca saberemos o que podemos suportar sem sermos derrotadas.
    Na aridez do deserto aprenderemos primeiro a estimarmo-nos para depois estarmos em condições de nos darmos aos outros. É preciso ganharmos a nossa autonomia, esse estado de graça em que nos sentimos pacificadas connosco e com o mundo e igualmente com os nossos sentimentos e necessidades, sem termos que provar nada a ninguém.
    Acredito que encontrarei em breve um Gizelda forte e esclarecida.
    Beijo amigo
    Graça

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  9. Gizelda querida,
    li com muita atenção este seu texto e os comentários que se lhe seguiram. Fiquei por momentos a pensar que, afinal de contas, não sou só eu que preciso mais do que a minha própria companhia, apesar de eu gostar muito de estar comigo mesma... sozinha. mas também gosto dos outros, da partilha, do afago na mão, do abraço, dos olhares que se trocam só porque sim.
    ai, Gizelda, mas há alturas em que o tempo foge e que não chega para visitarmos os amigos...depois fica-me aquela sensação de falta que me incomoda.
    quando eu comecei a andar na blogosfera, visitava só alguns blogs de amigos, éramos quase uma família. depois, perdemo-nos um bocado quando começamos a ter mais comentários. eu como gosto de ter o feedback da minha presença nos blogs onde deixo o meu rasto , faço o impossível para responder quem me visita e deixa a marca da sua passagem...mas também visto quem não me visita e muitas vezes não comento porque não sei como traduzir o que senti. prefiro só digerir as minhas emoções.
    passarei a deixar uma estrelinha quando não souber traduzir o que sinto depois de a ler.
    entretanto, deixo-lhe um beijo no seu coração.

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  10. Amada amiga, tu não está só nessa reflexão... Eu também não sei mais o que fazer, ou talvez nem tenha tentado... Mas só sei que na minha vida também está faltando ousadia... Ousadia pra me libertar... Ousadia pra ser feliz... Ousadia pra viver... Seu texto ficou magistral!!! Senti emoção e verdade em cada palavra... Querida, receba meu carinho... Bjsss

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  11. vim atrás do seu nome. eu tb sou Giselda.
    mas adorei a escrita , as palavras. quanto sensibilidade.
    kis :=):=)

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  12. Gizelda, o que se passa consigo?
    Dê sinais.Por favor! Estou preocupada.
    Abraço.

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  13. Gizelda,

    Espero que a sua mãe esteja melhor.
    Passei para deixar um beijinho e espero que esteja bem.

    Beijinhos

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  14. Gizelda, a minha cadeira está esperando pela sua...

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  15. Os dias passam e, para tristeza minha (e de muitos) os posts da Gizelda, pertinentíssimos e sempre condimentados de grande inteligência e sabedoria, teimam em não aparecer.
    Que se passa, Gizelda? Pelo comentário da JB, apercebo-me que a sua mãe está doente. Mas, para além da sua preocupação, que deve ser enorme, fale connosco, desabafe, partilhe...
    Ah, minha amiga, quanto eu gostaria de ajudar...! Vá lá, diga alguma coisa!

    Um forte abraço para si

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  16. Amiga linda, estou preocupada contigo... Espero de coração que esteja td bem... Deus cuida de ti! Deixo a você meu carinho, viu? Bjsss

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  17. Gizelda,

    Já começo a pensar que as coisas pioraram.
    Apenas desejo que tudo melhore rapidamente e da melhor forma possível!

    Beijinho, do coração!

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  18. Gizelda,

    Como fiquei feliz com o seu regresso!!! :)
    Ainda bem que se encontra melhor! Já tinha saudades, embora não tenha também escrito estes últimos dias (só ontem o fiz) mas sempre passei por aqui!

    Beijinhos!
    P.S. Rápidas melhoras, sua presença faz muita falta! :)

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