domingo, 11 de julho de 2010

É um domingo às avessas...


"Não , não é cansaço...

É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar ,
É um domingo ás avessas
Do sentimento ,
Um feriado passado no abismo....


Não , cansaço não é...
É eu estar existindo
E tambem o mundo ,
Com tudo aquilo que contém ,
Com tudo aquilo que nele se desdobra

E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais
.


FP / Álvaro de Campos
...porque , felizmente, FP existiu e a vida me permitiu conhecê-lo.Simples assim.

4 comentários:

  1. Quem de nós não passou já na vida, um Domingo assim. É por isso que FP é único. Só ele consegue em palavras tão simples, conhecer e descrever os nossos sentimentos tão complexos.

    Beijinhos :)

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  2. Querida Helga...

    Simplicidade e complexidade andam juntas em FP, mas sempre nos desafiam e nos encantam.

    Beijos. Obrigada.

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  3. Gizelda,
    Como sempre, um post com bom gosto. Hoje foi a vez de nos trazer Álvaro de Campos.
    Acerca do poema em questão, de que apenas publicou uma parte, é justo dizer que ele acaba da seguinte forma:
    ...
    Porque oiço, vejo.
    Confesso: é cansaço!...

    Dei uma vista de olhos pelos "meus apontamentos" e descobri isto:
    "Nesta composição lírica, sujeito poético afirma no primeiro verso que não é cansaço aquilo que sente, reiterando essa afirmação ao longo do poema. No entanto, e talvez um pouco paradoxalmente, refere que a desilusão se lhe “entranha na espécie de pensar”, sublinha a monotonia da vida (“é a mesma coisa variada em cópias iguais”), exprime a angústia perante o mistério e a indefinição que perpassam nesse “falso cansaço”; finalmente aceita que, “porque ouve e vê”, o estado em que se encontra é de cansaço: “Confesso: é cansaço!...” Assim, pode-se afirmar que, progressivamente, o sujeito poético se deixa dominar por uma letargia, um estado de cansaço e desistência, que o afasta do mundo."

    É sempre um prazer vir aqui.
    Bjs

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  4. Muito obrigada, AC...você complementou e enriqueceu enormemente o post.

    Em verdade pouco importa qual poema, Heterônimo, Ortônimo,pois com F.P. a gente sempre tem o que aprender e muito para amar.

    Beijos

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