quarta-feira, 14 de abril de 2010

De cara lavada.



hoje me desfiz dos meus bens
vendi o sofá cujo tecido desenhei
e a mesa de jantar onde fizemos planos

o quadro que fica atrás do bar
rifei junto com algumas quinquilharias
da época em que nos juntamos

a tevê e o aparelho de som
foram adquiridos pela vizinha
testemunha do quanto erramos

a cama doei para um asilo
sem olhar pra trás e lembrar
do que ali inventamos

aquele cinzeiro de cobre
foi de brinde com os cristais
e as plantas que não regamos

coube tudo num caminhão de mudança
até a dor que não soubemos curar
mas que um dia vamos


Martha Medeiros

3 comentários:

  1. São emoções assim que dão sentido ao termo 'recomeçar'. Despir o passado para vestir o presente, porque o futuro não se veste.

    Mais um excelente texto!

    Beijinhos :)

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  2. Oi, Helga...

    É verdade, mas é mais dificil do que parece. Leva-se muito tempo para construir algo que , de repente, despenca e vc não consegue segurar...

    Então o " começar de novo" traz um olhar de desconfiança, medo, mas...caminha-se.

    Beijos.

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  3. Gostei muito do texto de Marta Medeiros.

    Gizelda, que bom que você foi ao meu blog! E foi de um jeito tão divertido. Me deu alegria. Obrigado.
    E quanto aos 150 comentários... eu tenho dormido um pouco menos. (sorrio).

    Abraço e muito obrigado!

    Jefhcardoso

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