quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Sê vivo.




Vive o instante que passa.Vive-o intensamente até à última gota de sangue. É um instante banal, nada há nele que o distinga de mil outros instantes vividos. E no entanto ele é o único por ser irrepetível e isso o distingue de qualquer outro. Porque nunca mais ele será o mesmo nem tu que o estás vivendo. Absorve-o todo em ti, impregna-te dele e que ele não seja pois em vão no dar-se-te todo a ti.

Olha o sol difícil entre as nuvens, respira à profundidade de ti, ouve o vento. Escuta as vozes longínquas de crianças, o ruído de um motor que passa na estrada, o silêncio que isso envolve e que fica.E pensa-te a ti que disso te apercebes, sê vivo aí, pensa-te vivo aí, sente-te aí. E que nada se perca infinitesimalmente no mundo que vives e na pessoa que és. (...)

Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente IV'

Um comentário:

  1. A passagem do tempo, algo inexorável...

    Sim, há que viver infinitamente cada momento - que não voltará jamais.

    Lindo post!

    Beijo.

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