terça-feira, 30 de setembro de 2008

Machado de Assis é prá sempre!


Nada menos de duas almas. Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para entro... Espantem-se à vontade, podem ficar de boca aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica. Se me replicarem, acabo o charuto e vou dormir. A alma exterior pode ser um espírito, um fluido, um homem, muitos homens, um objeto, uma operação. Há casos, por exemplo, em que um simples botão de camisa é a alma exterior de uma pessoa; — e assim também a polca, o voltarete, um livro, uma máquina, um par de botas, uma cavatina, um tambor, etc. Está claro que o ofício dessa segunda alma é transmitir a vida, como a primeira; as duas completam o homem, que é, metafisicamente falando, uma laranja. Quem perde uma das metades, perde naturalmente metade da existência; e casos há, não raros, em que a perda da alma exterior implica a da existência inteira. Shylock, por exemplo. A alma exterior aquele judeu eram os seus ducados; perdê-los equivalia a morrer. "Nunca mais verei o meu ouro, diz ele a Tubal; é um punhal que me enterras no coração." Vejam bem esta frase; a perda dos ducados, alma exterior, era a morte para ele. Agora, é preciso saber que a alma exterior não é sempre a mesma...

— Não?

— Não, senhor; muda de natureza e de estado. Não aludo a certas almas absorventes, como a pátria, com a qual disse o Camões que morria, e o poder, que foi a alma exterior de César e de Cromwell. São almas enérgicas e exclusivas; mas há outras, embora enérgicas, de natureza mudável. Há cavalheiros, por exemplo, cuja alma exterior, nos primeiros anos, foi um chocalho ou um cavalinho de pau, e mais tarde uma provedoria de irmandade, suponhamos. Pela minha parte, conheço uma senhora, — na verdade, gentilíssima — que muda de alma exterior cinco, seis vezes por ano. Durante a estação lírica é a ópera; cessando a estação, a alma exterior substitui-se por outra: um concerto, um baile do Cassino, a Rua do Ouvidor, Petrópolis...

— Perdão; essa senhora quem é?

Excerto de uma( entre dezenas) pequena obra prima : O Espelho.
Conhecer Machado de Assis foi grandioso para minha alma.

domingo, 28 de setembro de 2008

(...)Não há grandeza onde não haja verdade ...



Ser feliz é, afinal, não esperar muito da felicidade, ser feliz é ser simples, desambicioso, é saber dosear as aspirações até àquela medida que põe o que se deseja ao nosso alcance. Pegando de novo em Tolstoi, que vem sendo em mim um padrão tutelar, lembremos de novo um dos seus heróis, o príncipe Pedro Bezoukhov (do romance 'Guerra e Paz'). As circunstâncias fizeram-no conviver no cativeiro com um símbolo da sabedoria popular, um tal Karataiev. Pois esse companheirismo desinteressado e genuíno, esse encontro com a vida crua mas desmistificadora, não só modificaram o príncipe Pedro como lhe revelaram o que ele precisava de saber para atingir o que nós, pobres humanos, debalde perseguimos: a coerência, a pacificação interior, que são correctivos da desventura.

Tolstoi salienta-nos que Pedro, após essa vivência, apreendera, não pela razão mas por todo o seu ser, que o homem nasceu para a felicidade e que todo o mal provém não da privação mas do supérfluo, e que, enfim, não há grandeza onde não haja verdade e desapego pelo efémero. Isto, aliás, nos é repetido por outra figura de Tolstoi, a princesa Maria, ao acautelar-nos com esta síntese desoladora: «Todos lutam, sofrem e se angustiam, todos corrompem a alma para atingir bens fugazes».

Fernando Namora, in 'Sentados na Relva'

domingo, 21 de setembro de 2008

Não se mede poesia...


-EXCREMENTO.
É isso o que eu penso do Sr. J. Evans Pritchard.
Não estamos ABRINDO VALETAS.
Estamos falando de POESIA.
COMO PODE DESCREVER A POESIA COMO SE FOSSE UM CONCURSO?
[...] Quero que RASGUEM essa página.
Vamos, RASGUEM a página.
Vocês me ouviram.
RASGUEM fora.
RASGUEM! Vamos! RASGUEM!
[...] ADEUS, J. Evans Pritchard, Ph.D.
ESTA É UMA BATALHA. É GUERRA.
OS FERIDOS PODEM SER SEUS CORAÇÕES E ALMAS.
Exércitos de acadêmicos avançando, MEDINDO A POESIA.
NÃO! NÃO aceitaremos isso.
CHEGA de Sr. J. Evans Pritchard.
[...] Não importa o que digam, PALAVRAS E IDÉIAS PODEM MUDARO MUNDO.
[...] NÃO LEMOS NEM ESCREVEMOS POESIA PORQUE É BONITINHO.
LEMOS E ESCREVEMOS POESIA PORQUE SOMOS HUMANOS.
A RAÇA HUMANA ESTA REPLETA DE PAIXÃO.
E medicina, advocacia, administração e engenharia
São objetivos nobres e necessários para manter-se vivo.
Mas a POESIA, BELEZA, ROMANCE, AMOR...
É PARA ISSO QUE VIVEMOS.”

[fala do Sr. John Keating (protagonizado por Robin Williams),
professor de literatura da Academia Welton,
diante do prefácio “Entendendo poesia”,
do Dr. J. Evans Pritchard, Ph.D.,
no filme “Sociedade dos Poetas Mortos”,
de Tom Schulman, dirigido por Peter Weir]

sábado, 20 de setembro de 2008

"Lei do Palhaço"( mensagem de um professor)



"Conta certa história que numa determinada cidade apareceu um circo.
Entre os seus artistas havia um palhaço, com um poder de divertir, sem medida, as pessoas da platéia. O riso que provocava era tão bom, tão profundo e natural que se tornava terapêutico.
Todos os que padeciam de tristezas agudas ou crônicas passaram a ser indicados pelo médico do lugar para que assistissem ao tal artista, que ele mesmo tinha visto atuar e que possuía o dom de fazer reduzir ou até mesmo eliminar angústias.

Um dia, porém, um morador desconhecido, tomado de profunda depressão, procurou o médico. Este então, sem relutar, indicou o circo como o lugar de cura de todos os males daquela natureza, de abrandamento de dores da alma, de iluminação de todos os cantos escuros de um "jeito perdido" de ser, de tristezas com ou sem causa.
O homem nada disse, levantou-se, caminhou em direção à porta
e quando já estava saindo, virou-se, olhou o médico nos olhos e sentenciou:
"Não posso procurar o circo... aí está o meu problema:
eu sou o palhaço!".


Como professor vejo que, muitas vezes, sou esse palhaço, alguém que trabalhou para construir os outros e não vê resultado muito claro daquilo que fez e faz.
Tenho a impressão que ensino no vazio (e sei que não estou só nesse sentimento)
porque depois de formados, meus ex-alunos parecem se acostumar rapidamente com aquele mundo de iniqüidades que combatíamos.
Parece que quando meus meninos(as) caem no mercado de trabalho, a única coisa que importa é quanto cada um vai lucrar, não importando quem vai pagar essa conta
e nem se alguém vai ser lesado nesse processo.
Aprenderam rindo, mas não querem passar o riso à frente e nem se comovem com o choro alheio.

Digo isso, até em tom de desabafo, porque vejo que cada dia mais meus alunos
se gabam de desonestidades. Os que passam os outros para trás são heróis e os que protestam são otários, idiotas ou excluídos. É uma total inversão de virtudes, de conceitos...
Vejo, encabulado, que alguns "professores" partilham daquelas mesmas idéias "modernas", defendem-nas em sala de aula e na sala de professores
e chegam até a se vangloriar disso. Essa idéia vem me assustando cada vez mais,
desde que repreendi, numa conversa com alunos, o comportamento do cantor Zeca Pagodinho, no episódio da guerra das cervejas, e quase todos disseram que o cantor estava certo, tontos foram os que confiaram nele!
"O importante, professor, é que o cara embolsou milhões", disse-me um; outro: "daqui a pouco ninguém lembra mais... no Brasil é assim, e ele vai continuar sendo o Pagodinho, só que um pouco mais rico".
Todos se entreolharam e riram; só eu, bobo que sou, fiquei sem graça.
O pior é que a gente se dá conta que no Brasil é assim mesmo,
o que vale é a lei de Gérson: "o importante é levar vantagem em tudo".
(Lei de Gérson... dá para rir...)

A pergunta é: É possível, pela lógica, que todo mundo ganhe? Para alguém ganhar é óbvio que alguém tem de perder?

A "lógica" que rola solta por aí - ao que tudo está a indicar - é guardar o troco a mais recebido no caixa do supermercado; é enrolar a aula fingindo que a matéria está sendo dada; é fingir que a apostila está aberta na matéria dada, mas usá-la como apoio enquanto se joga batalha naval, jogo da velha ou alguma outra coisa; é cortar a fila do cinema ou da entrada do show; é dizer que leu o livro, quando se ficou só no resumo (feito por outrem, geralmente )- ou na conversa com quem leu;
é marcar só o gabarito, copiado do vizinho,
a prova em branco, alegando que "fez as contas de cabeça" ou que "tava na ponta da língüa"; é comprar na feira uma dúzia de quinze laranjas; é bater num carro parado e sair rápido, antes que alguém perceba; é brigar para baixar o preço mínimo das refeições nos restaurantes universitários, para sobrar mais dinheiro
para a cerveja da tarde ou a balada da noite; é arrancar as páginas ou escrever nos livros das bibliotecas públicas; é arrancar placas de trânsito e colocá-las
de enfeite no quarto; é trocar o voto por facilidades, empregos ou algo que se traduza em "algum"; é fraudar propaganda política mostrando ser ou ter realizado aquilo que nunca se foi ou que jamais se fez
(assim como tantas duplas sertanejas, esta, Lula e Duda, incluída).

É a lógica da perpetuação da burrice. Quando um país perde, todo mundo perde.
E não adianta pensar que logo bateremos no fundo do poço, porque o poço não tem fundo.Parafraseando Schopenhauer: "Não há nada tão desgraçado na vida da gente que ainda não possa ficar pior".

Se os desonestos brasileiros voassem, nós nunca veríamos o sol.
Felizmente há os descontentes, os lutadores, os sonhadores, os que querem manter o sol aceso, brilhando e no alto.A luz é e sempre foi a metáfora da inteligência.
No entanto, de nada adianta o conhecimento sem o caráter.Que nas escolas seja tão importante ensinar Literatura, Matemática, História, Biologia e Educação Física quanto decência, senso de coletividade, coleguismo e respeito por si e pelos outros.
Acho que o mundo (e, sobretudo, o Brasil) hoje está a precisar
mais de gente e de gente honesta do que de literatos, historiadores ou matemáticos.

Ou o Brasil encontra e defende essas dignidades e abomina Zecas, Gérsons, Dirceus, Dudas (e todos os marqueteiros de eterno plantão para se darem bem),
esses que chamam desonestidades flagrantes de "espertezas técnicas",
ou o Brasil passa de "país do futebol mas de futuro" para "país do futefuro". Zipado e compacto.
De um Presidente da República espera-se mais do que choro e condecoração a garis honestos, espera-se honestidade em forma de trabalho e transparência. De professores, espera-se mais que discurso de bons modos, espera-se que mereçam o salário que ganham (pouco ou muito) agindo como quem é honesto. Sobretudo agindo como educadores, vendo no próximo, no jovem à sua frente, alguém como um filho seu que tivesse nascido em outro lar.
A honestidade não precisa de propaganda, nem de homenagens, precisa de exemplos.
Quem plantar joio, jamais colherá trigo.

Quando reflexões assim são feitas, cada um de nós se sente o palhaço perdido no palco das ilusões. A gente se sente vendendo o que não pode viver,
não porque não mereça, mas porque não há ambiente para isso.
Quando seria de se esperar uma vaia coletiva pelo tombo, pelo golpe dado na decência, na coerência, na credibilidade, no senso de respeito,
vemos a população em coro delirante gritando "bis" e, como todos sabemos, um bis não se despreza.
Então, uma pirueta, duas piruetas, bravo! bravo!
E vamos todos rindo e afinando o coro do "se eu livrar a minha cara, o resto que se dane”.

Enquanto isso o Brasil de irmã Dulce, de Manuel Bandeira, do Betinho, de Clarice Lispector, de Chiquinha Gonzaga e de muitos outros heróis e heroínas,anônimos que diminuíram a dor desse país com a sua obra, levanta-se, caminha em silêncio até a porta, vira-se e diz: "Esse é o problema...
eu sou o palhaço".

O original deste texto foi enviado por:
Prof. Sílvio Camerino P. Barreto.
(Solar Camerino - Recife - Pernambuco)

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

in "Memorial do Convento"




São onze os supliciados. A queima já vai adiantada, os rostos mal se distinguem. Naquele extremo arde um homem a quem falta a mão esquerda. Talvez por ter a barba enegrecida, prodígio cosmético da fuligem, parece mais novo. E uma nuvem fechada está no centro do seu corpo. Então Blimunda disse, Vem. Desprendeu-se a vontade de Baltazar Sete-Sóis, mas não subiu para as estrelas, se à terra pertencia e a BLIMUNDA

José Saramago

sábado, 13 de setembro de 2008

Vazio.





Começo de noite poeirento e triste. Mais um sábado se vai...sem ser.

Carta sobre a felicidade (a Meneceu)



[...] Consideremos que, dentre os desejos, há os que são naturais e os que são inúteis; dentre os naturais, há uns que são necessários e outros, apenas naturais; dentre os necessários, há alguns que são fundamentais para a felicidade, outros, para o bem-estar corporal, outros, ainda, para a própria vida. E o conhecimento seguro dos desejos leva a direcionar toda escolha e toda recusa para a saúde do corpo e para a serenidade do espírito, visto que esta é a finalidade da vida feliz: em razão desse fim praticamos todas as nossas ações, para nos afastarmos da dor e do medo. Uma vez que tenhamos atingido esse estado, toda a tempestade da alma se aplaca, e o ser vivo, não tendo que ir em busca de algo que lhe falta, nem procurar outra coisa a não ser o bem da alma e do corpo, estará satisfeito. De fato, só sentimos necessidade do prazer quando sofremos pela su ausência; ao contrário, quando não sofremos, essa necessidade não se faz sentir.
[...]
Embora o prazer seja nosso bem primeiro e inato, nem por isso escolhemos qualquer prazer: há ocasiões em que evitamos muitos prazeres, quando deles nos advêm efeitos o mais das vezes desagradáveis; ao passo que consideramos muitos sofrimentos preferíveis aos prazeres, se um prazer maior advier depois de suportarmos essas dores por muito tempo. Portanto, todo prazer constitui um bem por sua própria natureza; não obstante isso, nem todos são escolhidos; do mesmo modo, toda dor é um mal, mas nem todas devem ser sempre evitadas. [...]

Consideremos ainda a auto-suficiência um grande bem; não que devamos nos satisfazer com pouco, mas para nos contentarmos com esse pouco caso não tenhamos o muito, honestamente convencidos de que desfrutam melhor a abundância os que menos dependem dela; tudo o que é natural é fácil de conseguir; difícil é tudo o que é inútil.Os alimentos mais simples proporcionam o mesmo prazer que as iguarias mais requintadas, desde que se remova a dor provocada pela falta: pão e água produzem o prazer mais profundo quando ingeridos por quem deles necessita. Habituar-se às coisas simples, a um modo de vida não luxuoso, portanto, não só é conveniente para a saúde, como ainda proporciona ao homem os meios para enfrentar corajosamente
as adversidades da vida: nos períodos em que conseguimos levar uma existência rica predispõe o nosso ânimo para melhor aproveitá-la, e nos prepara para enfrentar sem temor as vicissitudes da sorte.

Quando então dizemos que o fim último é o prazer, não nos referimos aos prazeres dos intemperantes ou aos que consistem no gozo dos sentidos, como acreditam certas pessoas que ignoram o nosso pensamento, ou não concordam com ele, ou o interpretam erroneamente, mas ao prazer que é a ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da alma. [...] a prudência é o princípio e o supremo bem, razão pela qual ela é mais preciosa do que a própria filosofia; é dela que originaram todas as demais virtudes; é ela que nos ensina que não existe vida feliz sem prudência, beleza e justiça, e que não existe prudência, beleza e justiça sem felicidade. Porque as virtudes estão intimamente ligadas à felicidade, e a felicidade é inseparável delas. [...]

Epicuro

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Impotência.



Quando dinheiro, lucro e outros semelhantes são a mola que move o mundo, os seres humanos são descartados, reificados, e vêem sua vida ruir em segundos, porque são pessoas absolutamente sozinhas contra o poder.
Não importa quem somos, mas quanto valemos em um mercado que nos reduz a coisas,onde pessoas (será?) que olham números , contam moedas e nos deixam a incrível sensação de pertencer a um reino de animais.( perdoem-me os últimos, porque a comparação é absolutamente ofensiva a eles) .
Impotência. Nojo.Asco.Como o ser humano pode se aviltar assim?

"Decepção não mata, ensina a viver"

sábado, 6 de setembro de 2008

Eu Sei Que Vou Te Amar



Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida
Eu vou te amar
A cada despedida
Eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar..

E cada verso meu será
Prá te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida...

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que essa tua ausência me causou...

Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida...

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida
Eu vou te amar
A cada despedida
Eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar...

E cada verso meu será
Prá te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida...

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que essa tua ausência me causou...

Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida...

Vinícius de Morais/Tom Jobim

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

...



É necessário abrir os olhos e perceber
que as coisas boas estão dentro de nós,
onde os sentimentos não precisam
de motivos nem os desejos de razão.
O importante é aproveitar o momento
e aprender sua duração,
pois a vida está nos olhos de quem sabe ver"


Gabriel Garcia Marques