segunda-feira, 30 de abril de 2007

in Memórias de Adriano .


"Como toda gente, só disponho de três meios para avaliar a existência humana:

o estudo de nós próprios, o mais difícil e o mais perigoso, mas também o mais fecundo dos métodos;

a observação dos homens, que na maior parte dos casos fazem tudo para nos esconder os seus segredos ou de nos convencer que os têm;

os livros, com os erros particulares de perspectiva que nascem entre as suas linhas."

Marguerite Yourcenar

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Amo os grandes rios...



(...) amo os grandes rios, pois são profundos como a alma do homem.
Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas
são tranqüilos e escuros como os sofrimentos dos homens.
Amo ainda mais uma coisa de nossos grandes rios: sua eternidade.
Sim, rio é uma palavra mágica para conjugar eternidade.

João Guimarães Rosa
Há possibilidade de conviver com a obra de Guimarães sem se contagiar?...Como terá sido ser Guimarães "povoado" por essa obra?

domingo, 22 de abril de 2007

Uma fresta para a liberdade...



Quando todas as possibilidades nos são tiradas, a menor das aberturas se transforma numa grande liberdade... De certa forma, os contos de fadas, ou os romances, nos dão a liberdade que a realidade nos nega."

Azar Nafisi, iraniana, professora de literatura, autora de "Lendo Lolita em Teerã".

terça-feira, 17 de abril de 2007

Canção da manhã feliz



Luminosa manhã Por que tanta luz?
Dá-me um pouco de céu
Mas não tanto azul

Dá-me um pouco de festa, não esta
Que é demais p'ro meu anseio
Ela veio, manhã .Você sabe, ela veio

Despertou-me chorando
E até me beijou
Eu abri a janela .E este sol entrou

De repente em minha vida
Já tão fria e sem desejo
Estes festejos .Esta emoção

Luminosa manhã
Tanto azul, tanta luz
É demais
Para o meu coração...

1962 - Haroldo Barbosa e Luiz Reis

É indescrítivel a beleza das manhãs de abril...

domingo, 15 de abril de 2007

Uma história para minha neta...



Era uma vez...uma floresta encantada, onde bichos falavam , o vento cantava e as flores sorriam.
Em uma manhã de céu azul, todos festejavam o sol, mais ainda as borboletas, menos mamãe Passarinho.Ela, muito quietinha no topo da árvore, chocava dois ovinhos com muito amor. Não via a hora de seus filhotinhos nascerem.

Naquela mesma tarde, escutou um barulhinho e ah! Que alegria : um ovinho quebrou –se e dele nasceu um ser muito pequenino. Ela ficou tão feliz que nem percebeu, na hora , que ali também nascera um problema: o outro ovinho ainda estava inteiro.Quando é que o segundo iria nascer? Percebeu logo que precisava dar comida ao recém-nascido e , portanto, sair para buscá-la.E o ovinho fechado?Como protegê-lo? Pensou, pensou ,pensou e achou uma saída:

-Filhinho...a mamãe está indo buscar comida e você vai tomar conta de seu irmãozinho. Fique em cima dele, proteja-o.
E voou...
Mas o pequeno era muito miudinho e não resistiu. Adormeceu. Assustado acordou com gritos estridentes da mãe, desesperada. O ovinho sumira.

Triste, triste, enquanto a mãe chorava, saiu à procura dele e não soube mais voltar. Durante dois dias inteiros escondeu-se como pode ao rés do chão e entre folhas secas e terra, encontrou –o inteiro, mas oh! Um buraquinho! O irmãozinho, com grande dificuldade, começava a nascer.

Assustado e feliz, juntou restos de árvores e criou um ninho para protegê-lo.Passou, então, por muito sofrimento, porque precisava devolvê-lo à mamãe para deixá-la feliz.O tempo era seu inimigo.

Todos os dias procurava comida, escondia-se com medo, mas foi, aos pouquinhos, aprendendo a voar.O irmãozinho foi ficando forte e ele sentia-se orgulhoso por estar cuidando dele.

Ensiná-lo a voar,então, foi uma aventura maravilhosa .Algum tempo depois , alçaram vôo , juntos.

Dona Passarinho cochilava, quando foi acordada por um pipilar fora do normal. Mas...o que via? Não podia ser? Será? Ah! Nem importava como ou porquê.
Estavam ali, os dois juntinhos. Seus dois filhotes.Ela abriu as asas e os acolheu.

E os três cantaram juntos pela primeira vez.
Na floresta, era primavera!

Para Cíntia, por quem –de novo- eu aprendi a voar...

Gizelda ,18 de abril de 2004

...e cai estrondosamente no chão, 9 anos depois. A pessoinha para que eu escrevi esse texto não existe mais.

06.10.2013

sexta-feira, 13 de abril de 2007

in Poemas Inconjuntos.



Quando tornar a vir a Primavera
Talvez já não me encontre no mundo.
Gostava agora de poder julgar que a Primavera é gente
Para poder supor que ela choraria,
Vendo que perdera o seu único amigo.
Mas a Primavera nem sequer é uma cousa:
É uma maneira de dizer.
Nem mesmo a flores tornam, ou as folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete, porque tudo é real.

Gizelda / Impregnada de Alberto Caeiro :da alma aos ossos.
Semana pródiga em colheita...

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Saudade.



Saudade é um pouco como fome.Só passa quando se come a presença. Mas, às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda.Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.


Clarice Lispctos in "Aprendendo a viver" ( crônicas)